O Fundão está a testar um sistema de rastreabilidade da cereja desde a produção ao consumidor final, que pretende ser “um garante da qualidade” e da autenticidade do produto, além de permitir a recolha de dados em tempo real que podem ser úteis para quem consome a fruta, mas também para quem a produz ou comercializa.
“A ideia é alavancar o setor através da incorporação dos sistemas de ‘blockchain’ nas fileiras”, frisou o vereador com o pelouro da Agricultura, Pedro Neto, segundo o qual o sistema de rastreabilidade vai ser também trabalhado nos setores do queijo e da carne, numa fase posterior.
Na campanha da cereja já foram rastreadas caixas a partir da entidade certificadora, a Cerfundão, e continua a ser desenvolvida investigação para que o sistema de rastreabilidade esteja suficientemente maduro para que possa ser uma solução prática para o setor agrícola.
“Acima de tudo, vai-nos permitir valorizar um produto diferenciado”, realçou Pedro Neto, que acrescentou a importância de, numa fileira como a cereja, “garantir processos completamente fiáveis”, que podem ser aplicados a outras frutas.
Com o desenvolvimento deste sistema, a segurança alimentar passa a ter um controlo mais apertado por parte de todos os elementos da cadeia, é possível verificar a origem do produto, a forma como foi irrigado, onde foi colhido e rastreia todas as etapas.
“Começamos a ter um conjunto de informações muito fiáveis que permitem valorizar e potenciar este produto para o consumidor. Acima de tudo, o ‘blockchain’ garante-nos um sistema completamente fiável, relativamente a todas as transformações que a matéria-prima possa ter, ou informações sobre a venda de uma fruta, de uma peça de fruta, para o consumidor final”, realçou Pedro Neto.
A plataforma funciona com base na instalação de um conjunto de sensores colocados em pontos críticos da produção e da transformação, que disponibilizam parâmetros que podem ser analisados.
No caso do consumidor final, a leitura pode ser feita através de um QR Code e fica a saber informações sobre como ou quando a fruta foi colhida.
O vereador acrescentou que há um conjunto de outras informações que não são relevantes para quem compra, mas que podem ser trabalhadas em função do perfil do consumo e podem ser relevantes para outros elementos da cadeia, como a entidade certificadora.
“Nós estamos muito interessados nessa perspetiva de testar tecnologia, sobretudo a partir dos nossos campos experimentais”, acentuou o vereador, que pormenorizou que os testes feitos com a cereja foram a partir da sensorização de um terreno particular que está a colaborar no projeto, mas também da instalação de sensores nas caixas de cereja para entrega na central que recolheu essa cereja.
O projeto vai ser apresentado na Feira de Inovação Agrícola do Fundão, depois de resultados preliminares terem sido debatidos na Festa da Cereja de Alcongosta, em junho.
O sistema de rastreamento integra um programa nacional da Agenda Mobilizadora para o Desenvolvimento, liderado pela empresa de produtos de tecnologia Void Software e a plataforma é desenvolvida pela Sensefinity.
O Fundão está envolvido, no âmbito dessa agenda alargada, três projetos-piloto, um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros enquadrados no Plano de Recuperação e Resiliência.
Pedro Neto considerou que o financiamento é também um reconhecimento do trabalho desenvolvido no concelho na área da tecnologia “e do esforço que o município tem feito para alavancar fileiras do setor agrícola”.