Para homenagear a mais emblemática fadista portuguesa, expor a sua vida e obra, explorar a sua relação com o Fundão, de onde era originária toda a família, e contribuir para transmitir o fado e o seu legado às novas gerações, a Câmara do Fundão vai criar a Casa Amália Rodrigues, num espaço na Rua da Cale, onde o pai da artista trabalhava e onde outros familiares tinham um estabelecimento comercial e viviam.
Ao NC, a vereadora com o pelouro da Cultura na Câmara do Fundão, Alcina Cerdeira, adianta que, embora não se comprometa com datas, o município está a trabalhar para que a Casa Amália Rodrigues possa abrir em julho do próximo ano, altura do aniversário da fadista e mês em que decorre a décima edição do Concurso de Fado com o nome da artista.
O espaço vai integrar a rede Casas e Lugares do Sentir do Fundão, “laboratórios experimentais” e “dinâmicos”, que não se resumem à componente expositiva, acentua a vereadora, segundo a qual estão previstas iniciativas em articulação com um conjunto de outras entidades, além das visitas educativas dos alunos das escolas.
O município está a negociar o arrendamento do espaço na Rua da Cale, onde a Casa Amália Rodrigues vai ficar instalada numa primeira fase a área expositiva, até posteriormente poder ser alargada e ter mais valências.
O trabalho vai assentar, em grande parte, no acervo de Estrela Carvas, assistente de Amália durante cerca de 30 anos, doado recentemente à Câmara do Fundão. Uma coleção vasta e, segundo a vereadora, com “coisas muito pessoais” e poemas nunca editados.
Segundo Alcina Cerdeira, toda a documentação do acervo vai ser analisado por uma equipa especializada, para ser feito um levantamento do que vai integrar o espaço expositivo a desenvolver.
A autarca salienta a existência de “muitos amalianos” e adianta que algumas pessoas também já contactaram o município, no sentido de cederem peças para a Casa Amália, “para acrescentar”, assim como a família, alguma residente no Fundão, também disponível para colaborar.
Porque as Casas e Lugares do Sentir são “espaços vivos”, com atividades e apostados na transmissão do saber, no futuro a Casa Amália Rodrigues contará com um Centro de Documentação e Recursos, não apenas sobre “essa figura máxima da nossa cultura”, mas com material sobre outros fadistas, o cancioneiro tradicional da Beira Baixa, “a que Amália foi beber”, e também sobre “outra grande fadista, natural do Fundão, a irmã de Amália, Celeste Rodrigues”, frisa a vereadora com o pelouro da Cultura, Alcina Cerdeira
“Queremos que esse Centro de Documentação e Recursos permita a pessoas que estejam interessadas vir consultar. Queremos criar um arquivo com o acervo que vamos recebendo que seja disponibilizado a quem queira fazer investigação, ou para o que for necessário. Queremos que seja um espaço de partilha”, acentua a autarca.
O Centro UNESCO – Casas e Lugares do Sentir do Fundão foi criado em 2017 e consiste numa rede de casas temáticas em diferentes freguesias do concelho que procuram preservar e transmitir os saberes e as tradições locais, formando um roteiro de interesse cultural, turístico, social e educativo.
Da rede de casas temáticas fazem parte, além da Casa da Cereja, em Alcongosta, a Casa das Memórias de António Guterres (Donas), a Casa do Barro (Telhado), a Casa da Romaria de Santa Luzia (Castelejo), a Casa das Tecedeiras (Janeiro de Cima), a Casa do Barqueiro (Janeiro de Cima), a Casa da Poesia Eugénio de Andrade (Póvoa de Atalaia), as Casas dos Ofícios (Souto da Casa), a Casa do Mel (Bogas de Cima), a Casa do Bombo (Lavacolhos), a Casa do Queijo (Orca), a Casa da Pastorícia (Três Povos – Salgueiro) e a Casa do Folclore – Ilda Valentim (Silvares).
Em fase de conclusão estão a Casa da Barca, a Casa dos Embutidos e a Casa do Lagar.