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Há 18 anos que o grito do javali é marca da feira medieval de Belmonte

Feira Medieval voltou a trazer milhares de pessoas às ruas da vila, durante três dias. Autarquia estima que 60 mil. Metade delas, no sábado. Há quem tenha vindo pela primeira vez participar, mas há também quem já esteja no certame desde o seu início

Há 18 anos atrás participou pela primeira vez. “Por brincadeira, numa feira medieval quase sem nexo nenhum”. Até hoje. Falar do João Alves (João Lela, alcunha pelo qual é conhecido) quando se fala de Feira Medieval de Belmonte é quase obrigatório. Desde a primeira edição que participa, com a sua banca de comes e bebes, onde o assar tradicional do porco no espeto faz as delícias de muitos visitantes. “Há 18 anos que andamos nisto, só parámos na pandemia. Porquê? Pelo gosto pela terra, muito mais do que o negócio em si. É poder confraternizar, encontrar muita gente que, por vezes, vejo noutros sítios. É uma espécie de família” garante o homem que solta, de quando em vez, a sua imagem de marca: o grito do javali, a que ninguém fica indiferente. “Já é habitual. Grito, toco o sino, todos me respondem, pois já me conhecem… É também uma forma de animar a malta” garante João.

Mais uma vez, durante três dias, milhares de pessoas marcaram presença em Belmonte. De uma forma mais tímida no primeiro dia, sexta-feira, mas de forma massiva no sábado e bem composta no domingo, último dia do certame. Para muitos, a feira “tenha lá o que tiver, tem sempre gente”. Para outros, “mais animação de rua era necessária”. Os espetáculos, dentro do castelo, foram pagos pela primeira vez, mas ainda assim tiveram boa moldura. Cá fora, os que se foram realizando também preencheram praças e lugares, em especial junto ao castelo, onde algumas performances foram do agrado geral, como por exemplo o bailado suspenso em cordas na torre de menagem.

Para João, o certame nos primeiros “sete, oito anos, foi uma maravilha. Mas as coisas vão enfraquecendo. É normal, pois a vida está cada vez mais difícil, mas acho que a nossa feira medieval está a perder algumas qualidades. Os nossos governantes devem pensar nisso, embora compreenda que é difícil montar toda esta logística.  Acho que em alguns casos, se está a perder algum carinho, pois há quem venha apenas com o objetivo de vender, sem carinho por isto e por ninguém. Daqui amanhã, temos uma espécie de São Tiago, sem ter nada a ver com o medieval” vaticina. Quanto a ele, já não promete continuar. “Vamos ver. Isto dá muito trabalho” afirma, embora reconheça que Belmonte “tem todas as condições para ser uma grande feira”.

São José Marques é também uma presença assídua. As suas espetadas de fruta, com chocolate, fazem as delícias de miúdos e graúdos. Os preços? “São os mesmos de sempre, nunca altero. Não estou cá pelo dinheiro” garante.

De Tondela veio também um casal pela primeira vez. Expor peças de artesanato feitas com correntes de bicicletas, carretos de motos, velas, parafusos, porcas… uma espécie de desperdício “metálico” transformado em arte. “Gostei muito de cá estar pela primeira vez. E na sexta, ainda vendemos bastantes artigos” garante a dona da barraca.

Para o vice-presidente da autarquia, Paulo Borralhinho, o balanço é “muito positivo”. Reconhecendo que, na sexta, houve alguns pormenores que falharam, em especial na animação de rua, algo corrigido no sábado, o autarca estima que por Belmonte tenham passado cerca de 60 mil pessoas, “metade delas, no sábado, que estava a abarrotar”. Paulo Borralhinho nota que se tentou fazer uma feira “algo diferente do habitual, para evitar repetições de anos anteriores”, acredita que “o esticar da mesma para a zona da Alameda, com o castelo infantil, funcionou muito bem”, um local onde se venderam “imensas pulseiras de acesso aos espetáculos, pois os miúdos queriam usufruir daquele espaço”.

Segundo o autarca, “o feedback que me chegou é que as pessoas venderam muito bem, algumas até me disseram ter vendido mais em três dias do que no ano passado, em quatro”. Paulo Borralhinho enaltece ainda o “envolvimento da comunidade no evento. Foi muito gratificante ver gente da terra em palco ou na rua a animar a feira”.

Este ano, a Feira Medieval de Belmonte, que contou com cerca de 120 expositores, entre artesanato e tasquinhas de comes e bebes, centrou-se na figura do pai de Pedro Álvares Cabral, Fernão Cabral, conhecido como Gigante das Beiras. Pela primeira vez, o evento contou, por exemplo, com uma peça de teatro comunitário com a participação de 28 residentes na vila.

 

 

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