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“Há 50 anos que tentam destruir os valores de Abril e não conseguiram”

Curta com Dulce Pinheiro, 64 anos, professora/dirigente sindical

1 – Onde estava no 25 de abril de 1974?

A Revolução “apanhou-me”, com 14 anos, a frequentar o correspondente ao atual oitavo ano de escolaridade do ensino básico, no então denominado Liceu Nacional da Covilhã, hoje Escola Secundária Frei Heitor Pinto.

2 – O que se recorda desse dia?

Apesar de bastante jovem, lembro-me (como se fosse hoje) de ter consciência de que algo de muito importante se estaria a passar quando, ainda na parte da manhã, passando junto à cantina, ouvi uns colegas mais velhos dizer com manifesto entusiasmo “Pronto já está! Desta vez vai e não volta!”. Esta é a memória mais viva e relevante desse memorável dia!

3 – Como vê, 50 anos depois, os valores de Abril? Estão em risco ou valorizados?

Pese embora o recrudescimento dos fascismos, as ameaças que o populismo e a demagogia carregam, que não devemos subestimar, acredito que o ideário de Abril, os seus princípios, valores, conquistas, como a liberdade, democracia, poder local democrático, SNS, Escola Pública, Segurança Social ou direitos das mulheres, entre outros, continuam bem presentes na sociedade. A tentativa de destruição destes valores mantém-se há 50 anos e não conseguiram. Estarão mais próximos? Há, pelo menos, a certeza de que eu e muitos milhares não hesitarão em se mobilizar para que esses tempos de obscurantismo e medo não se repitam. A defesa da liberdade é uma construção contínua, inacabada.

4 – O que se pode fazer para manter, sobretudo nos mais jovens, presentes os valores da liberdade e da democracia?

Recentemente o jornal Público promoveu um inquérito sobre o 25 de Abril. Havendo globalmente uma opinião favorável à Revolução, foi entre as pessoas dos 16 aos 34 anos que a data foi mais valorizada. Estes são dados de esperança no futuro! Há hoje toda uma geração que cresceu em liberdade e a quem é necessário, sem paternalismos, continuar a transmitir o antes, o durante e o depois. É preciso fazê-lo de forma criativa, nas escolas, nas redes sociais, nos espaços onde os mais jovens socializam e se divertem. Se os jovens amarem a liberdade, a democracia, a paz, a justiça social, significará que haverá futuro. Façamos da memória um exercício de futuro.

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