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Humilhão

“Um filme em que o "script" foi escrito de pernas para o ar e funcionou ao contrário”

É um trocadilho, mas todos percebem o título escolhido para este filme que conta com a colaboração de bem mais de duas centenas de figurantes. Para muitos é a primeira vez que se aventuram nestas andanças. Nem sequer sabem como se movimentar, como e onde colocar as mãos, se cruzadas, se dentro dos bolsos, o que dizer… na verdade como esboçar qualquer tipo de comunicação. Partindo do princípio claro, que todos sabem comunicar, o que a avaliar por comportamentos mantidos por algumas das personagens escolhidas para a acção, não é líquido que isso vá acontecer durante as próximas sequências. Em abono de uma “fita” razoável, o melhor mesmo será não fazerem cenas, e estarem quietos. Muitos estão lá para isso, para fazerem figuras. De corpo presente. E bem sabemos como sucedeu “isto” de eles irem lá parar. Tipo escolha para um programa de variedades.

Em 2006, a RTP lançou aos portugueses o desafio de pensarem naquele que era para si o “O Grande Português” da história. Foram eleitos 100, e o resultado apurado ao fim de dois meses em que muitos estiveram a escolher, mostrou bem o que “nós” temos na cabeça. O mais votado foi Oliveira Salazar, em segundo ficou Álvaro Cunhal, numa lista em que, por exemplo, o futebol colocou três “personalidades” nos vinte mais importantes para o país. Eusébio, Pinto da Costa e José Mourinho. Estou em crer que se fosse hoje, outro atleta executante ganharia de “caras”, ou na pior das hipóteses, ficaria logo atrás… do “senhor presidente do conselho”. Perdoem-me a analogia, mas a escolha de quem se senta naquela a que os próprios chamam de “Casa da Democracia”, terá obedecido em muitos casos a critérios mentais semelhantes. Pelo menos, segundo o espectáculo “trágico-cómico” com que o país literalmente pregado aos ecrãs de televisão e às colunas de rádio, se deliciou durante vinte e quatro horas, acompanhando um dos mais hilariantes eventos políticos passados em Portugal. Um filme em que o “script” foi escrito de pernas para o ar e funcionou ao contrário. Ou seja, antes de se passar à acção, as personagens seleccionadas para o interpretarem, foram como parece ser usual, chamadas a escolher o director da cena. E é aí que a “porca torceu o rabo”. Quando chegaram ao “set” todos pareciam de acordo sobre quem seria o realizador, mas as fotografias tiradas ao “décor”, revelaram cenas impróprias para adultos, parecendo extraídas de um parque infantil de diversões. Em alguns momentos, o “making-of” de um filme de animação para crianças.

Ao cabo de dois dias, e depois dos protagonistas, actores mais experientes chamarem a si a liderança do processo, lá se puseram de acordo quanto à escolha de quem vai dirigir os próximos episódios desta série. Sim, ninguém espera que “isto” dê uma longa metragem. O melhor será fazermos deste “Humilhão” uma comédia de situação. Sem grandes roteiros.

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