A pista das Penhas da Saúde viveu, no último fim-de-semana, uma agitação invulgar, ao acolher o I Torneio Internacional de Hóquei no Gelo em Portugal, na vertente três contra três, que contou com seis equipas e jogadores de oito nacionalidades, informou a organização. Os portugueses Luso Lynx ganharam na final a World Team e venceram a competição.
Além do barulho seco das pancadas no disco, dos tacos a tocarem-se, do som dos movimentos dos patins, dos encontrões contra as tabelas, da música dos AC/DC que servia de banda sonora e do ruído das palmadas contra as laterais, cada vez que se marcava um golo, fora do rinque falaram-se várias línguas, enquanto algumas equipas tiravam o volumoso e numeroso equipamento de proteção e outras se preparavam para a partida seguinte.
Depois do I Torneio Nacional da modalidade, em Fevereiro, esta foi a segunda prova oficial organizada no país, sábado e domingo, na vertente três para três, numa pista com metade do tamanho olímpico.
João Miguel, 17 anos, da Covilhã, aproveita os tempos livres para treinar na Ice Arena, aberta desde Dezembro, e integra a equipa do Clube Nacional de Montanhismo, recentemente criada, com a consciência de que tem “muito a aprender com quem tem experiência”.
Ressalvando que “isso leva tempo”, aponta as aulas de formação da academia, onde vários jovens aprendem aos domingos a modalidade, para prever que vai ser possível no futuro ter mais equipas e jogadores, nomeadamente da região.
“Grande salto que se está a dar”
Flávio Torres, 37 anos, nasceu no Canadá, onde aprendeu a jogar, reside em Leiria e treina com os Vikings do Castelo, Sertã. Costumava praticar em patins em linha, mas a possibilidade de competir no gelo “é nostálgico” e “mais emocionante”.
Ter em Portugal um torneio internacional é uma forma de “dar visibilidade” à modalidade, de a projetar também no estrangeiro e acredita que a prova disputada nas Penhas da Saúde “é um grande salto que se está a dar”.
O suíço Valentim, de 26 anos, está pela primeira vez em Portugal, com os Dahu, depois de ter visto numa rede social informação sobre a prova e destaca o “bom nível, para muitos jogadores que” não treinam habitualmente no gelo.
Patrick Bessa, nascido no país helvético há 28 anos, é o português da equipa, não habituada a jogar numa pista pequena e na vertente três para três, a que tiveram de se habituar na Serra da Estrela, mas competir no país de origem com os colegas suíços é algo que há algum tempo não imaginava.
“A nossa paixão na Suíça é jogar hóquei e, quando tivemos a oportunidade de vir a Portugal jogar, foi ótimo”, salientou.
Com o peitilho à mostra e a camisola dos Mad Cats ao lado, Killian Portales, de 31 anos, integrou uma “equipa multicultural e mista”, que treina uma vez por semana numa pista em Madrid e se deslocou a Portugal para “acumular experiência e evoluir”, ainda que num recinto com um tamanho a que não estão habituados.
“Nós vamos onde podemos jogar hóquei no gelo”, referiu o espanhol. “Tem sido uma experiência diferente dos outros rinques que conhecemos”, acrescentou Samanta Baragaño, de 28 anos e praticante há quatro.
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