Quando física e emocionalmente, nos ausentamos por alguns dias, achamos sempre que quando regressamos o país está muito diferente. Não percebemos quão diferente está, verdade seja escrita, tentamos à força vislumbrar as diferenças. E dizemos para nós; “sei que são muitas, mas agora quais… aí é que está o busílis da coisa “. E qual coisa? Pois, também não sei. De tal modo, decidi desta feita não escrever sobre o país e as suas mudanças. Propus-me alinhavar umas frases sobre a região. Aquilo a que habitualmente (nós e os outros) chamamos de Interior, e que também com regularidade aludimos ao ostracismo a que é votado pela outra parte. No fundo os lugares de eleição para a cobertura noticiosa de um jornal como o nosso. Para contextualizar, devo escrever que fui lá acima. Ao norte. Da Península. Comecei pela Galiza, pelos caminhos de Santiago, saltei para as Astúrias, região pujante, senti o vigor da Cantábria e o calor de Castela e Leão. Nada disto me pareceu estranho, bem pelo contrário, uma espécie de revisitação alguns anos depois. Senti a fiesta. Sou um pouco suspeito, gosto de Espanha. Quilómetros e mais quilómetros de estradas nacionais e municipais, e outras que tais como as autovias que não são mais, mas bem melhores, do que os caminhos de asfalto a que por cá costumamos chamar de auto-estradas.
Lembrei-me com frequência da A23 que percorro semanalmente entre Torres Novas e a Covilhã. E a lembrança não foi por saudades. Longe disso. Esta via do nosso interior beirão é verdadeiramente uma das piores. Do ponto de vista do traçado, e das condições do piso. É também a única em que pago portagens. Passei mais de uma semana a percorrer as autovias do norte de Espanha, e não me cobraram um “chavo”. Na sua maioria vias rápidas não concessionadas, suportadas pelo estado espanhol e pelas comunidades autónomas. Fui percebendo por estes dias que neste canto da península o governo nacional gostaria de continuar a cobrar portagens nas A23, 24 e 25, por exemplo, apesar do parlamento impulsionado pelo partido que sustentava o governo anterior, ter aprovado uma lei entretanto promulgada pelo Presidente da República, visando acabar com as portagens nestas vias. Diz o ministro das infraestruturas que o melhor é baixar as tarifas, e não suprimir os pagamentos. Ele lá terá as suas ideias, quanto a mim fica claro, que nunca se deveriam ter taxado os automobilistas que utilizam estes percursos. Pela via do menor desenvolvimento sócio-económico, pela criação de isolamento, e ainda porque há troços nestas vias com má qualidade. Não entendo como se pode cobrar por aquilo. Os impostos dos portugueses deverão ser suficientes para que o Estado forneça adequadas soluções de mobilidade sem taxas suplementares.