Inspirações para o novo presidente

Carlos Madaleno

O Notícias da Covilhã desafiou os seus colaboradores a escrever um artigo sobre as autárquicas. O prazo de entrega seria logo após a realização das referidas eleições. O bom senso aconselharia a esperar pelos resultados, desta forma poderia sempre afirmar que o cenário obtido não constituía qualquer surpresa e que todos os meus prognósticos estavam certos. Poderia ainda dar umas palmadinhas nas costas do vencedor, ou ajudar a lamber as feridas de um ou outro derrotado. Assim e com alguma sorte, talvez alguém dissesse que eu era um tipo porreiro. Sim, tudo isto seria possível não fosse a minha casmurrice, teimosia e o facto de ser apenas fiel à própria consciência. Resolvi, pois, escrever estas linhas dois dias antes das eleições, deixando aqui expressos alguns exemplos que poderão servir de inspiração ao novo Presidente, seja ele qual for.

Em 1868, José Mendes T. Megre Restier assumiu a presidência da Câmara, onde ficou até 1873. A sua liderança contemplou vários momentos emblemáticos, desde logo a elevação da Covilhã à categoria de cidade, em 1870, a passagem da Estrada Real 55 pela Covilhã, em 1871, e, em 16 de outubro, de 1873, a inauguração do troço viário que fazia a ligação a Coimbra, passando pelas Pedras Lavradas. Hoje, 150 anos volvidos, continuamos à espera que a ligação a Coimbra, então iniciada, se transforme na tão desejada IC6.

Em 1926, José de Almeida Eusébio foi nomeado presidente, encontrou a Câmara endividada devido às obras do bairro municipal, entretanto paradas. Mesmo nestas circunstâncias, ainda antes de 1930, criou os Serviços Municipalizados, o Lactário, o Museu Municipal, procedeu à eletrificação do Teixoso e Tortosendo, inaugurou o monumento ao Soldado Desconhecido, lançou as bases para o futuro liceu e para a nova cadeia comarcã e regularizou as dívidas do Município. Afinal não são necessários três mandatos para deixar obra.

Vicente Borges Terenas tomou posse como presidente da Câmara Municipal da Covilhã em 1965. Este visionário, promoveu a criação do primeiro “Grupo de Trabalho para o Planeamento da Cova da Beira”, integrando, para além da Covilhã, os municípios de Manteigas, Belmonte e Fundão. Graças a este grupo foram dinamizados projetos do regadio e do complexo agroindustrial da Cova da Beira, que daria origem, em 1971, à estação fruteira e à criação do Instituto Politécnico que esteve na origem da UBI.  Foram inauguradas a Piscina dos Penedos Altos, o Posto médico da Caixa dos lanifícios, o novo edifício do Liceu, a subestação da Várzea e o infantário que daria origem ao “Bolinha de Neve”. Foi projetada a variante à EN nº18, só construída no mandato de Lopes Teixeira. Entre as várias iniciativas salienta-se, a dinamização do programa das comemorações do centenário da elevação da Covilhã a cidade e a FAEC.  Borges Terenas soube alicerçar o sucesso do seu mandato no ouvir da opinião de técnicos exteriores aos serviços camarários e no aceitar que a Covilhã só ganharia dimensão quando pensada como parte integrante de uma região, fatores essenciais para o desenvolvimento de uma cidade.

Outros exemplos de outros presidentes poderiam ser apresentados, deixámos, no entanto, enumerados vários fatores que deveriam inspirar e nortear o novo executivo.

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