“Negociar o quê? Não há planeta B!”. Foi este uma das frases proferidas por um grupo de oito jovens que se juntaram na porta do Polo Principal da UBI, na passada sexta-feira, 15, e marcharam até à Câmara Municipal da Covilhã, pedindo por justiça climática.
Beatriz Curto, 13 anos e porta-voz da marcha, explica que a sua inspiração para a participação nesta iniciativa, foi a ativista Greta Thunberg. “No ano passado, li os livros da Greta [Thunberg] e fiquei muito inspirada por ela. Acho que isto é uma coisa muito importante, porque eu quero ter um planeta habitável para viver no futuro. Por isso temos de agir”, afirma a jovem.
A principal preocupação é o aumento da temperatura global do planeta. “Temos de tentar evitar ultrapassar os 1.5 graus, porque nós vamos estar a passar muitos pontos de não retorno” alerta a jovem. “Neste momento, temos um aquecimento de cerca de 1.2 graus celsius e dá para ver todas as catástrofes climáticas que já existem”, salienta. Beatriz enumera como exemplo “os cinco mil mortos na Líbia [por conta das fortes chuvas] e os incêndios devastadores na Grécia, em Espanha e no Havaí”. “À medida que o planeta aquece, existem mais fenómenos climáticos extremos”, diz a porta-voz da marcha.
Beatriz Curto relembra que, no interior do país, “já se vê as secas, a falta de água e os incêndios”, resultantes das alterações climáticas. Por isso, o grupo reivindica eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, de modo a que este seja o último inverno em que se utiliza gás fóssil para produção de energia, assim como o fim dos combustíveis fósseis até 2030.
O grupo de jovens marchou e gritou pelo clima e, chegado à Câmara Municipal, foi recebido por Hélio Fazendeiro, chefe de gabinete do presidente da Câmara.
“Senti grande satisfação e conforto com o futuro ao ver um grupo tão jovem preocupado com o planeta. Comecei por lhe agradecer exatamente a disponibilidade pessoal de lutarem pelas causas em que acreditam, sobretudo uma causa tão nobre e tão importante como esta, que não é só uma causa dos jovens, é uma causa de todos”, salienta. “É com grande satisfação que vejo que a juventude covilhanense se mobiliza em torno de causas tão nobres como o alerta para a questão das alterações climáticas”, garante Hélio Fazendeiro.
O chefe de gabinete explicou aos jovens o que é que a autarquia tem feito nesta matéria, assim como se disponibilizou, nas suas palavras, “em nome do presidente da Câmara, para escutar eventuais sugestões que eles tenham e que possam ser adotadas pelo Município”.
Beatriz Curto considera que é importante que estas ações decorram, também, em cidades do interior, como a Covilhã. “Acho que é importante que, em todo o país, se mostre que o Governo tem de agir e não ser só em Lisboa. Mostrarmos que não é só nas grandes metrópoles que as pessoas querem ação climática. Mostrar que, em todo o país e em todo o mundo, as pessoas veem as catástrofes, veem a crise climática e que as pessoas querem mudança”, remata a jovem.
Hélio Fazendeiro salienta que “a Câmara da Covilhã só existe para satisfazer e ir de encontro às necessidades da população e resolver os seus problemas. Por isso, é sempre muito gratificante ouvir as pessoas”, termina.