Isabel Fael: o lamento de sair sem ver obras na Escola Campos Melo

Após dirigir a Campos Melo durante 26 anos, Isabel Fael pediu a aposentação. Foi homenageada num jantar promovido pelo Conselho Geral

É o facto mais negativo que diz deixar: a diretora da Escola Secundária Campos Melo, Isabel Fael, que pediu a aposentação, apesar de “feliz” na hora da saída, lamenta que as obras de requalificação do próprio edifício nunca se tivessem realizado.

Isabel Fael foi homenageada num jantar promovido pelo Conselho Geral da escola, que juntou ex-colegas, amigos e colaboradores. Chegou à Campos Melo em 1983, onde desempenhou funções como presidente do conselho executivo e directora, liderando a escola durante 26 anos. Na hora da despedida, a docente acredita ter deixado uma instituição com uma oferta “mais diversificada”, com mais dinâmica e vitalidade, do que aquela que encontrou. Isabel Fael recordou que, quando na década de 80 chegou à Campos Melo, esta estava conotada como a escola das classes mais desfavorecidas, mas aos poucos “fomos diversificando a oferta, sem nunca esquecer as suas origens e a vocação para o ensino mais profissionalizante” frisa.  A diretora classificou a noite do jantar de “momento alto de alegria, gratidão e forte sentimento de pertença” a um estabelecimento de ensino e comunidade que “faz caminho muito além dos seus 141 anos de história”. Para Isabel Fael, a cerimónia foi não só “a celebração de uma só pessoa, mas também da própria escola” e um “sinal de vitalidade” da mesma, mostrando toda a dinâmica existente através de diversas parcerias.

O único lamento foi não ver as obras da escola arrancarem. “Certamente voltarei à escola para a inauguração dos nossos centros tecnológicos especializados, de informática e industrial, e espero ter essa alegria de ainda vir no dia da inauguração das obras. Estivemos quase, e muitas vezes, desde os tempos em que fomos inseridos na quarta fase da Parque Escolar, em que apresentámos os projetos, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que a escola fosse requalificada. Infelizmente, em situações várias, isso não foi atendível. O ano passado, quando cá esteve o senhor ministro, no aniversário da escola, o senhor presidente da Câmara prometeu que seria em setembro passado, ainda não foi. Mas quero continuar a acreditar” disse Isabel Fael à RCB.

Recorde-se que em 2024, o então ministro da Educação, João Costa, nas comemorações dos 140 anos da Campos Melo, garantiu que a verba necessária, de 1,9 milhões de euros ao abrigo do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) estava disponível para a obra, e que só faltava apreciar a candidatura para depois se lançar o concurso público da empreitada. João Costa disse então que o projeto era da responsabilidade do município e que estava previsto, no âmbito das obras planeadas em 451 escolas financiadas a 100% pelo PRR, que a Escola Campos Melo fosse uma das primeiras a ser intervencionada.

Já este ano, numa sessão do executivo covilhanense, confrontado pela oposição sobre este assunto, Vítor Pereira garantiu que a candidatura foi submetida, mas a CCDR e Governo passaram a obra pelo Portugal 2020, depois para o 2030, e posteriormente, para o PRR. “Não é a Câmara que decide qual é o quadro em que se enquadra” disse, recusando responsabilidades. “Fizemos o nosso trabalho e bem feito. Fizemos os projetos e os estudos necessários a seu tempo, atempadamente, e deram entrada nos organismos competentes. Não pode ser assacada à Câmara Municipal qualquer responsabilidade” disse o autarca, que também comungava da insatisfação deixada por Isabel Fael, no início deste ano, pelo atraso da obra.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2025 Notícias da Covilhã