Procurar
Close this search box.

Isto não aconteceu!

"Tenho de fazer o meu papel de grande escrutinador e controlador da governação, não tenho nada a perder... você como bom irritante que é, finge-se melindrado”

Assoma-se ao portão e espreita pela guarita. Uma voz esganiçada

pergunta; – …ao que vem? – Sou Costa, António Costa, primeiro-ministro de Portugal, venho ao presidente, ele mandou-me chamar -… ao presidente?! Mandou?! Vou ver se o senhor presidente está. O militar sem patente, virou costas e pôs-se ao intercomunicador; … Senhora Júlia, está aqui um tal de Costa, que diz que é ministro não sei do quê, e diz que o senhor presidente pediu para vir. Fez-se silêncio… alguns segundos depois ouve-se uma voz metálica que diz; … ele que suba. E assim era para ser, não sem antes o senhor Costa perguntar; … quem é a Dona Júlia?! O chefe de guarita, informa que a Senhora Júlia, agora não é só cozinheira… diz que tiveram de despedir os secretários, e ela é que atende e faz alguns recados. – Suba a rampa, à direita tem a porta, vai pelas escadas, atravessa o salão e bata lá… ele deve estar por ali. – Humm… deixou escapar o visitante. Lá em cima, já no interior do palácio, o anfitrião veio ao seu encontro. – Viva meu caro optimista! Como está ofegante…então a que devo esta visita? Não estava a contar consigo. – Não!? Foi o senhor que me mandou chamar. Que era urgente… e por aí fora… – Oh diacho… se calhar até fui… mas sabe… com a crise tive de mandar muita gente embora, e isto por aqui está um pouco caótico… mas bom, sente-se… vamos para ali para a pé-de-galo… toma alguma coisa? Um xerez talvez…e abre as portas do bar, onde só se encontra uma mísera garrafa. – Trouxeram-me os reis de Espanha quando cá estiveram a última vez. – Pois… boceja Costa… nem um Porto nem nada… – Nada… não temos comprado, sabe… cá em casa ninguém bebe… e a crise também não ajuda… – Ok… prefiro um copo de água… não vá essa zurrapa ter os dias contados… – Muito bem… vou pedir à Júlia.

 

E assim foi… alguns minutos depois, Costa dá de beber à sede, e ataca; – Vamos lá ao que interessa, que a minha vida não é isto, tenho um pais para governar. – Hahaha…, deixa escapar o interlocutor, que percebendo a gaffe, emenda de seguida; – … mas que bem está o país, era mesmo sobre isso que lhe queria falar. – Então…?! – Sabe, neste meu segundo mandato, aliás como já deve ter percebido, tenho de fazer o meu papel de grande escrutinador e controlador da governação, não tenho nada a perder… você como bom irritante que é, finge-se melindrado… faz o seu papel de fazedor, eu digo umas larachas, o senhor primeiro-ministro responde com umas patacoadas… e cá vamos andando… que lhe parece?! -…mas isto não é forma de … – não se sabe bem o que Costa diria a seguir, mas Marcelo interrompendo-o atirou; – Pronto, está feito… estamos combinados. – Costa que não é de se engasgar, segura e responde; – Bom, se isso puser o povo a falar, e fizer esquecer a crise… não me parece nada mal. Finjamos, pois então…sim senhor, compro essa, senhor presidente! E agora tenho de ir pôr aquilo a carrilar. – Boa, aproveite e vá de eléctrico. Tome o 15 que passa aí em baixo… eu convidava-o para almoçar, mas mal me chega… a Júlia já me avisou… é da crise.  E lá foi Costa pela rampa abaixo.

VER MAIS

EDIÇÕES IMPRESSAS

PONTOS
DE DISTRIBUIÇÃO

Copyright © 2023 Notícias da Covilhã