“É rara a semana em que não acontece algo que mostra como é urgente lutar”, lamenta a coordenadora do Coolaboratório, espaço onde jovens ativistas se reúnem semanalmente na cooperativa de intervenção social Coolabora. Para combater a xenofobia e o racismo, assim como promover a empatia e a inclusão, o grupo dinamiza amanhã, sábado, a partir das 15:00, no Jardim Público da Covilhã, a iniciativa “Poemas entre peças”.
São mais de trinta os jovens, entre os 18 e os 28 anos, de várias nacionalidades, que promovem um evento ao qual querem que mais gente se associe, onde se vai ler poesia contra a discriminação e oferecê-la a quem passa na rua.
Catarina Ramalhete, de 21 anos, aluna de Ciência Política na Universidade da Beira Interior, tem vários colegas de outros países e tem-se apercebido de como é difícil a integração numa nova realidade, porque, “inevitavelmente, já enfrentaram vários preconceitos que tornaram a adaptação mais desafiante”.
O projeto “Poesia entre peças” é uma “abordagem lírica e artística, onde se expressam os sentimentos, as dores e as experiências daqueles que são discriminados e marginalizados”.
“Através da poesia, damos voz às suas histórias e procuramos despertar a empatia em todos aqueles que a ouvirem”, explicou Catarina Ramalhete.
Segundo a estudante, o evento contempla também “Acorda”, um estendal solidário para quem queira doar roupa que já não usa e assim ajudar pessoas que chegam por curtos períodos sem a roupa apropriada à estação, dar uma segunda vida a essas peças a que já não é dado uso e atuarem de forma ecológica.
“Não é apenas um apelo à doação de casacos, mantas e outros utensílios necessários, mas também um convite para que todos reflitam sobre o seu papel na construção de uma sociedade mais justa e acolhedora”, frisou Catarina Ramalhete.
A coordenadora do Coolaboratório, Rosa Carreira, sublinhou que a iniciativa surge da constatação de que a xenofobia se tem mostrado mais presente, mas também em reação à postura de pessoas mais conservadoras à chegada de imigrantes.
“As histórias de jovens que têm assistido a situações de discriminação abundam e por isso se decidiu fazer qualquer coisa que leve para a rua a luta”, explicou Rosa Carreira.
Segundo a responsável da Coolabora, onde os jovens ativistas reúnem, “o objetivo é mostrar que a Covilhã é uma cidade que acolhe a diversidade cultural”.
“Queremos que as pessoas se juntem a nós e venham ler poesia ou conversar sobre este tema, mas também vamos ter com as pessoas que passam, oferecendo-lhes poemas e a oportunidade de, através de textos poéticos, refletirem sobre a sua visão da interculturalidade”, acrescentou a coordenadora do projeto.