Carlos Madaleno
No passado 22 de novembro, a Banda da Covilhã e o Museu de Arte Sacra assinalaram o dia de Santa Cecília, a padroeira dos músicos, evocando Júlio Cardona. Também recentemente o Município anunciou o retomar do concurso internacional “júlio Cardona”, importará, por isso promover o conhecimento daquele que pode ser considerado como um dos músicos portugueses de maior relevo, do século XX, em Portugal.
José Júlio Cardona da silva, conhecido apenas por Júlio Cardona, nasceu na Covilhã, na freguesia de São Martinho, em 28 de março de 1789. Era filho de José Augusto Ferreira da Silva e de Maria da Conceição Gomes Cardona. O seu pai natural de Viseu, era músico, oriundo de uma família abastada. Em 1872, exercia o cargo de mestre da Banda Filarmónica do Fundão. Casou, pela primeira vez, com Maria d´Oliveira Rodrigues Lobo, do Souto da Casa. Deste casamento nasceram Maria Eduarda e Palmira, meias irmãs de Júlio Cardona. Cinco anos depois enviúva e em 29 de abril de 1879, casa de novo com Maria da Conceição Cardona Barata, na Covilhã. Esta era filha de Francisco Gomes Cardona e Maria Rosa, tintureiros nesta cidade. É deste último casamento que nasce José Júlio Cardona da Silva e as irmãs, Aida, Maria Madalena, Ema, Laura e Elisabete. Na Covilhã, J. A. Ferreira da Silva exerce o cargo de escrivão do juiz ordinário.
Em 1881, Júlio Cardona, contava então apenas dois anos, partiu com a família para a Figueira da Foz, onde o pai exerce o cargo de mestre na Banda Filarmónica Figueirense. Aqui reside na rua da Oliveira nº7. No ano seguinte a família transfere-se para Coimbra. Ali, o pai assume a regência da Filarmónica Conimbricense, instala-se como professor particular de piano, canto, harpa, rabeca, flauta, violoncelo e violão e ainda como afinador de piano. É igualmente por sua iniciativa que surge a Estudantina Académica de Coimbra (primeira Tuna de Coimbra). Ainda por empenho do pai, aos 4 anos, Júlio inicia-se no estudo das primeiras letras de música e aos seis anos começa a estudar violino. Em março de1890, dá o seu primeiro concerto público, em Coimbra, sendo acompanhado, ao piano, por Emilio Lami, conceituado pianista. Na sequência do êxito alcançado, inicia a uma digressão pelo norte da Portugal, até 1893, acompanhado pela família que se instala em Vila do Conde. Saliente-se o acompanhamento por parte do seu pai enquanto formador e orientador musical. Foi nesta digressão que Júlio Cardona recebeu rasgados elogios do conceituado músico Pablo Sarasate. Após este enorme sucesso, ingressa na orquestra do teatro São João do Porto, onde exerceu o lugar de primeiro violino. Em 1897, transfere-se para Lisboa e ingressa na orquestra de São Carlos como primeiro violino solista. Entretanto a família que estava de novo na Covilhã muda-se para Lisboa para o acompanhar artisticamente.
A partir de 1901, Júlio Cardona é admitido como professor de violino no Conservatório Nacional de Música, onde viria a lecionar durante 42 anos. Será a partir de então que o reconhecimento público o levará a empreender uma carreira que marcará de forma indelével o panorama musical em Portugal, durante a 1ª metade do século XX.
(continua)