LIBERDADE DE ASPERSÃO

“Será que andamos a compreender bem o que nos dizem, e do mesmo modo estamos a ser capazes de nos fazer entender?! O país vive em permanente campanha eleitoral. Andamos metidos nisto até ao pescoço”

Esta semana fui alertado por um leitor do Notícias da Covilhã para a agressividade que ultimamente coloco nas minhas crónicas, pedindo-me que desta feita escrevesse algo de bom. Parece que só estou a ver maldade no mundo. Em Portugal vá lá. Devo começar por informar que este seguidor atento é também um amigo. Um bom amigo – como se houvesse amigos maus – e portanto coloco-o como representando a imensa mole que semanalmente avança para a leitura deste periódico. Então cá vai uma coisa doce.

Estamos a assistir ao “triunfo dos porcos”. Perdoem-me a doçura da expressão, sou dado  a umas certas liberdades de expressão, mas só para dar um exemplo, a “Casa da Democracia”, como “eles” gostam de lhe chamar, está um autêntico chiqueiro. Penitencio-me por estar a incluir os engraçados suínos nesta analogia. Hahaha… começo por gargalhar pelo título. É muito engraçado. Há quem gargalhe ahahah… mas eu prefiro gargalhar hahaha… sei lá… é uma questão de aspiração. Que a bem dizer é o contrário do que aqui se trata. Peço desculpa pela onomatopeia, mas deu-me vontade de rir porque dão-se casos em que saída de algumas bocas, a palavra expressão soa a aspersão – lá está – existe uma dificuldade patente de expressão, as pessoas comem as palavras por um lado, porque aspersam… borrifam, não se expressam, espalham perdigotos sujos em vez de palavras por outro, e por último estão-se a borrifar para o conceito Liberdade de Expressão, não fazendo a mínima ideia como a devem usar para comunicarem de forma lúcida, manifesta, objectiva, e por todos entendida. Será que andamos a compreender bem o que nos dizem, e do mesmo modo estamos a ser capazes de nos fazer entender?! O país vive em permanente campanha eleitoral. Andamos metidos nisto até ao pescoço. É possível que em muitos, mesmo muitos casos, as mensagens que os candidatos a alguma coisa andaram a tentar passar, não tenham chegado a lado algum? Aqui na Covilhã, mas também em todas as outras “covilhãs” que constituem o território nacional. Aquela ideia de que nas eleições autárquicas, a malta olha para as ideias dos candidatos, também para as suas virtudes ou defeitos, e faz as suas escolhas apenas pela personalidade, esquecendo as suas origens políticas e partidárias, não passa de um mito.

Andam há anos a enviar-nos o recado de que nas regionais e locais devemos esquecer os partidos, porque são as pessoas que contam. Balelas. É mesmo aquele tipo de informação sem fundamento, até porque os discursos político e comunicacional vigentes apontam para leituras nacionais dos resultados locais. Sempre. Voltamos sempre aos partidos, porque na verdade são eles que determinam até onde  pode ir a independência dos que alinharam por um conveniente e momentâneo  espaço de independência. Este deveria ser o tempo da disrupção, que pode perturbar e do mesmo modo inovar, que mexe connosco, que nos transporta para um futuro repleto, não o do “mais do mesmo”, o das vozes ocas e dos discursos vazios. Sim, deveríamos esquecer as situações e as oposições,  porque o que vinha mesmo  a calhar, era alguém que apresentasse uma panorâmica estratégica para o futuro. Da sua cidade, da nossa cidade. Lá está… grandes ideias, não há.

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