O maior mural de sempre do Wool vai ser pintado, na Avenida Frei Heitor Pinto, entre os blocos A e B, durante a 12.ª edição do Festival de Arte Urbana da Covilhã, que se realiza de 21 a 29 de junho, na Covilhã. A pintura da parede de 445 metros quadrados será da responsabilidade do coletivo espanhol Boa Mistura.
A espanhola Lidia Cao e o grego Stelios Pupet vão dar corpo a duas pinturas de média dimensão, no número 16 da Calçada de São Martinho e no número 72 Rua António Augusto Aguiar, e a portuguesa Lígia Fernandes vai desenvolver vários murais de menor tamanho, com o envolvimento da comunidade.
Conhecido por utilizar o humor como ferramenta para a reflexão sobre a atualidade, o artista Ampparito, de Espanha, foca-se na criação de instalações.
Além da arte urbana, a programação conta com música, cinema, exposições, conferências e um conjunto de ações multidisciplinares “de intensa criação e ocupação do espaço público”, referiu a cofundadora do Wool Lara Seixo Rodrigues.
A Rua Wool, um dia de várias atividades no centro histórico da Covilhã, e uma das novidades da última edição, “será uma continuidade e reforço daquilo que foi feito e experimentado no ano passado”, explicou a cofundadora do Wool. Artistas de rua, azulejo experimental, cianotipia, rodilhas, tatuagem, música, conversas e jogos são algumas das propostas para a iniciativa.
A poeta Alice Neto é uma das presenças confirmadas, tal como os miniconcertos de Vasco Fazendeiro & João Semedo (24), de Má-Hora (25), de LX30 (26), de António Jorge Gonçalves (28), com um espetáculo de desenho em tempo real, da exposição de Hugo Makarov.
“Acreditamos que é com o envolvimento de todos que nós podemos ainda potenciar mais a transformação do território, e quando eu falo transformação, falo cultural, social, de muitas outras possibilidades e dimensões”, reforçou Lara Seixo Rodrigues.
O Wool tem também previsto duas residências artísticas com as cantoras Bia Maria e Surma, com espetáculos nos dias 28 e 27. Bia Maria vai trabalhar com o Coro Viés – Vozes em Intervenção, da Coolabora, e Surma prepara-se para recolher sonoridades locais para incorporar no espetáculo que vai dar no festival, numa experiência de imersão e de interação com entidades locais.
“Por um lado, estamos a desafiar o artista a conhecer o território onde vai trabalhar. Por outro, temos uma comunidade que é acolhida e que participa numa experiência, o que espoleta o sentimento de pertença, da valorização do que é nosso, dos nossos saberes, do nosso património”, acentuou Lara Seixo Rodrigues.
Recentemente desapareceram alguns murais de edições anteriores, outros estão em vias de serem eliminados, devido a intervenções nos edifícios onde se encontram e, para abordar a efemeridade da arte urbana, o artista Umbra apresenta uma instalação com recurso à manipulação de imagens.
Dia 26 é estreado o documentário “Crossroads – el viaje circular de Boa Mistura”, de Dan Barreri.
Durante o festival é apresentado o resultado da peça comunitária “Todos somos o outro”, a ser executada desde abril em várias freguesias do concelho e em muitas instituições, tal como pela comunidade em geral, que pode pedir o ‘kit’ para preencher um quadrado de 30 por 30 centímetros para juntar à obra final.
“O valor simbólico é colocarmo-nos na pele do outro, é promover a empatia, a inclusão, o encontro, o reconhecimento uns dos outros, para nos aproximar. Cada um contribui da sua forma, com a sua velocidade, com o seu espaço, para criar uma peça que é de todos”, referiu Lara Seixo Rodrigues.
Criado em 2011, o Wool é o mais antigo festival de arte urbana de Portugal.