Manteigas é um concelho que está na “moda”, em termos turísticos, com boa restauração, bom alojamento, mas a qualidade não pode diminuir sob pena de se perder gente. E a relação entre preço e qualidade tem que estar sempre na mente dos empresários do sector. Foi este, basicamente, o alerta deixado na última reunião pública do executivo pelo presidente da Câmara de Manteigas, Flávio Massano.
Numa altura em que milhares de turistas visitam o concelho, atraídos pelas faias, pela natureza, o autarca elogia os números que têm sido conseguidos na atração de forasteiros, mas alerta que, face aos preços praticados, a qualidade também tem que acompanhar essa exigência financeira. “Aqui há volta, não há nenhum sítio mais caro que nós. É preciso ter cuidado” avisa Flávio Massano. “Quando se procura turismo, procura-se a relação qualidade/preço” lembra o autarca, recordando que no ano que passou, na região centro, a média de ocupação que mais cresceu foi nos parques de campismo. “Precisamente pelo preço” avisa.
Os números de ocupação turística no concelho foram trazidos pelo vereador do PS, Tomé Branco, que baseado em números do Instituto Nacional de Estatística (INE), disse que o número de dormidas, até agosto de 2024, diminuiu cinco por cento face a 2022, e um por cento, em relação a 2023. “Só é mais preocupante porque temos a Covilhã a subir 12 por cento, de 2022 para 2024, e Seia, 37 por cento. Podem ser casos isolados, mas o comportamento de todos os concelhos da Comunidade Intermunicipal (CIM Beiras e Serra da Estrela), é de subida. Manteigas é o único a descer” alertou o vereador socialista.
Flávio Massano não é da mesma opinião. “Não tem razão. Pode ter razão no número de dormidas, mas noutros pontos, não. Por exemplo, Manteigas tem um aumento de quatro por cento nos hóspedes, o número de pessoas que visita o concelho. Duplicou quase os números de 2019, antes da pandemia. Seia e Covilhã quase nem lá chegaram. E estamos a crescer, nos hóspedes, é no alojamento local. A nível nacional, na relação hóspedes/alojamento, somos o sétimo melhor concelho do País” frisa.
O autarca admite que para ter mais turistas é preciso reforçar a atividade. “Estamos agora a criar produto. Mas em 2023, nos proveitos, Manteigas teve 7,5 milhões de euros. Só estamos atrás de Fundão e Covilhã, que são concelhos de outra dimensão” frisa Flávio Massano, recordando que nos últimos anos, o incêndio de 2022 e o fecho da estrada entre Manteigas e os Piornos prejudicaram a atividade turística.