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Manteigas prepara criação de incentivos à fixação de médicos

Diploma está em preparação. Autarca diz ser contra este tipo de trabalho das autarquias, mas que estas, na saúde, não podem estar à espera do Governo

O executivo da Câmara de Manteigas aprovou por unanimidade, na sua reunião do passado dia 3, o início de um procedimento para criar um regulamento de apoio à fixação de médicos no concelho, na medicina geral e familiar, isto depois de no último ano ter assistido à saída de alguns profissionais de saúde que se aposentaram.

Segundo o autarca local, depois da saída de alguns médicos, outras aposentações poderão “estar a chegar” e que este diploma, trabalhado pelo grupo de cidadãos Manteigas 2030 é “apenas um esboço” de medidas que se poderão tomar, apesar da saúde ser “uma obrigação do Estado”. Aliás, Flávio Massano deixou claro que, como eleito local, “não concordo com o que estamos a fazer”, pois o município está “a substituir-se” ao governo central, que é quem tem a responsabilidade de assegurar cuidados de saúde para todos os cidadãos. “Está na Constituição. Devia ser o Governo a garantir que a saúde chega a todos, mas não queremos, nem podemos, ficar para trás na saúde, e não podemos estar à espera que a administração central resolva o problema” disse.

Com este diploma, segundo Flávio Massano, propõem-se incentivos para que os profissionais de saúde vejam o concelho de Manteigas como “uma boa solução para o seu dia-a-dia”. Porém, o autarca é apologista de que o Governo retome um programa que já funcionou no passado, o serviço de “Medicina à periferia”, algo que, garante, será reivindicado à tutela quer pela autarquia, quer pela CIM Beiras e Serra da Estrela.

Pela oposição, tanto o vereador do PS, Tomé Branco, como o do PSD, Nuno Soares, votaram a favor da abertura do procedimento que dê corpo a um sistema de incentivos, mas ambos se mostraram defensores de que o Estado deverá assumir responsabilidades, quer através de programas como o “Medicina à periferia”, quer por outros mecanismos, até porque, dizem, este tipo de incentivos à fixação de médicos pode acabar por se tornar injusto para cidadãos que recebem de ordenado mensal tanto quanto um incentivo deste género.

Flávio Massano recordou que o problema já tinha sido abordado no ano passado e que a própria Assembleia Municipal de Manteigas aprovou, por unanimidade, a 28 de Abril de 2023, uma moção, apresentada pela bancada do PSD, a exigir ao Governo mais meios que garantam a permanência de funcionamento actual do Centro de Saúde e das extensões de saúde de Vale de Amoreira e Sameiro.

Na altura, temia-se que o funcionamento do Centro de Saúde pudesse estar em causa face à aposentação de um dos médicos da vila, Luís Melo.

Na assembleia, o problema foi classificado de “grave” pela bancada do PSD, que lembrou que também existem muitos idosos em Vale de Amoreira e Sameiro sem uma rede de transportes públicos capaz de os trazer, em caso de necessidade, à sede de concelho.

Flávio Massano, na altura, recordou que o problema da falta de médicos é transversal não só à região como ao país, e que Manteigas, “uma terra de médicos” de formação, nunca pensou muito nisso precisamente devido a esse facto. “Quem vivia cá, dava isso como um dado adquirido. Esta é uma luta nacional, onde já se se estuda a hipótese de oferecer casas para fixar médicos nas terras, com mais uma panóplia de benefícios. Mas estamos a tentar precaver isso”.

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