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Mão para criar teia de apoio a mulheres

Projeto da Beira Serra destina-se a mulheres de famílias monoparentais

Com outras mulheres de famílias monoparentais, Elisabete Gonçalves refletiu, partilhou experiências e diagnosticou necessidades na primeira edição do projeto Veleda, promovido pela Beira Serra. Agora, a associação de desenvolvimento pretende, durante um ano, criar uma rede que dê respostas e apoio a quem tem essa condição nos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte.

Na primeira edição, com uma forte componente artística, Elisabete Gonçalves frisa ter sentido na pele as dificuldades de quem cria os filhos sozinha e percebeu as limitações que muitas mulheres experimentam, como a gestão do tempo, os horários desajustados dos infantários, as dificuldades financeiras de um custo de vida não partilhado. No Veleda – Mulheres em Rede, vai agora ser mentora, porque é mais fácil pertencer a um grupo onde se fala na primeira pessoa do que está a ser abordado.

Além dos três municípios, onde se pretende intervir junto de 15 mulheres em cada, está envolvida a Universidade da Beira Interior (UBI) e o intuito é criar ferramentas que facilitem e melhorem as condições de vida das participantes, além de sensibilizar decisores políticos, para incentivar políticas públicas nesta matéria, e entidades privadas.

Está previsto o funcionamento de grupos de entreajuda; de um espaço físico em cada município aberto uma vez por semana, para atendimento individualizado e ajuda à resolução de situações concretas; a iniciativa Mães Canguru, que passa pela guarda dos filhos entre as participantes do projeto, quando necessário, ou oficinas para ajudar, por exemplo, a fazer pequenas reparações em casa que melhorem as condições de habitabilidade, mas também ensinar a fazê-lo.

Sensibilizar entidades sobre as questões da monoparentalidade e do trabalho e a criação de um guia prático, que, de forma simples, possa ser consultado sobre dúvidas jurídicas, relativas à Segurança Social, sobre assuntos fiscais ou outros estão também contemplados no plano de atividades.

O Veleda – Mulheres em Rede foi criado a pensar nos constrangimentos que muitas mulheres enfrentam quando criam sozinhas os filhos e “veem reforçadas as suas fragilidades”, desde as económicas, sociais ou de género.

A coordenadora do projeto, Marisa Marques, enfatizou que a monoparentalidade não é, em si, um problema, “é muitas vezes a solução para alguns problemas, mas agudiza alguns problemas”, transversais a condições sociais ou financeiras. A responsável informou que o Veleda- Mulheres em Rede “surge de uma ampla identificação” de necessidades.

“É uma realidade que existe, está a aumentar e tem necessidades específicas”, apontou a socióloga e professora na UBI Catarina Sales, segundo a qual “este projeto dá resposta a uma realidade que tem carências” e onde “há muito por fazer”.

A presidente da Beira Serra, Elsa Duarte, esclarece que “este Veleda está mais virado para a construção de uma rede de apoio” que se constatou, entre 2019 e 2021, fazer falta.

A vereadora com o pelouro da Ação Social na Câmara da Covilhã, Regina Gouveia, elogiou a forma como, no anterior programa, “se capacitou para a partilha”, se “tornaram mais conscientes as mulheres para as suas necessidades” e, agora, se aproveitou o diagnóstico que foi feito para “dar um passo para as participantes terem o suporte que precisam”.

A representante da Câmara do Fundão, Elsa Pombo, destacou a importância de se “procurar empoderar as mulheres” e considerou “o apoio da rede fundamental para capacitar” as participantes.

Paulo Borralhinho, vice-presidente do município de Belmonte, assinalou a forma como “os objetivos foram bem pensados”, mencionou a “equipa experiente” e manifestou a disponibilidade da edilidade para “contribuir com ideias para os desafios que possam surgir”.

O Veleda – Mulheres em Rede foi buscar o nome a Maria Veleda, falecida em 1955, republicana, mãe solteira quando esse era um estigma acentuado, pioneira na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres. O projeto é financiado pelos Prémios BPI Solidário.

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