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Melhores transportes, parques cuidados e mais atenção: os desejos pós-eleições

Luis Fernando Assunção

Transportes públicos ineficientes, acessibilidade precária, factura de água demasiado cara e falta de projectos culturais. A lista de pedidos dos habitantes da Covilhã para o presidente da Câmara, Vítor Pereira, eleito no domingo, são muitos. O autarca terá muito trabalho concretizar, de modo a satisfazer os anseios das pessoas que irão o eleger.

São muitos os problemas, alguns recentes, e outros nem tanto, que são identificados e aos quais se pedem soluções. “Só espero que eles não se esqueçam de nós, os moradores, depois das eleições, como sempre ocorre”, alerta Alexandra Gomes, 25 anos, desempregada.

A falta de proximidade às pessoas é a principal reclamação de Alexandra. Para ela, em época de eleição, os candidatos recorrem ao povo para pedirem seu voto, são mais solícitos e acessíveis. “Mas logo depois de eleitos, viram as costas. Os políticos deveriam ouvir mais as pessoas, mas não é isso que acontece na maior parte das vezes”, lamenta. Alexandra também lista outros problemas sérios. Um deles é a falta de acessibilidade para as pessoas mais idosas. Há os elevadores, mas que não funcionam durante a pandemia. E mesmo antes dela, muitos dos equipamentos estavam avariados. “Há muita dificuldade na locomoção dessas pessoas. Não apenas os elevadores, mas há poucas rampas e muitas escadas”, reclama.

As altas facturas de água não são esquecidas por Alexandra, quando fala das necessidades da população. Para ela, não é aceitável que a população pague tanto por um bem comum. “Uma família de três pessoas, por exemplo, não paga menos de 60 euros de água. É muita coisa para quem ganha pouco”, explica. “A solução é baixar. O actual presidente da Câmara disse que iria abaixar o preço, mas estamos à espera até hoje”, completa.

“Transporte ficou mau”

O transporte público é um dos problemas mais graves para a população. Quem o garante é José Manuel Santos, 73 anos, reformado, morador da Biquinha. Para ele, a situação piorou muito quando a Câmara modificou o sistema de transportes, com a saída da empresa anterior. “Agora temos menos horários de autocarros, além de não ter mais espaço para sacolas. Ficou mau”, explica. “E outra coisa: quando há greve, as pessoas ficam sem transporte. A Câmara, nesses casos, deveria oferecer transporte alternativo. Muitos precisam ir ao médico, ao hospital e não têm condições de pagar um táxi”, completa.

O custo de vida também é um entrave para as pessoas, de acordo com José Manuel. Mas o que Câmara pode fazer quanto a isso? “Poderia criar locais de vendas de produtos com preços mais acessíveis para quem precisa. Seria uma boa ajuda para as pessoas reformadas e que ganham pouco no fim do mês”, sugere.

Sobre a actual gestão autárquica, o reformado aponta que alguns benefícios foram retirados aos utentes. Um deles é a ajuda de custo para aqueles que precisam de ir a consultas noutro concelho. “Antes, quando precisávamos de ir ao médico especialista em Coimbra, por exemplo, a Câmara ajudava com uma percentagem nos gastos de transportes. Hoje não há mais isso”, reclama.

Agenda cultural precisa ser ampliada

A falta de programação cultural no concelho preocupa o comerciante Francisco Miguel Rodrigues, 56 anos. O empresário afirma que a cidade precisa de uma agenda cultural mais activa, que envolva mais os moradores. E espera que com a reinauguração do Teatro Municipal isso mude. “É preciso uma cultura mais descentralizada e diversificada. Todos moradores da Covilhã precisam ter acesso ao lazer e à cultura”, explica.

Francisco Miguel reclama também do abandono de certos parques na cidade. Falta manutenção e conservação em alguns deles, como o Parque da Goldra. “Há muitas áreas verdes que estão degradadas. A limpeza é muito deficiente e praticamente não há manutenção desses lugares públicos, que são opções de lazer para os moradores”, conta. Para ele, falta um pouco de cuidado da autarquia com esses equipamentos urbanos, que beneficiam muitas pessoas.

Mas não é só críticas que Francisco Miguel dirige à actual gestão da Câmara. Elogia a postura do autarca durante a pandemia, no que toca à relação com as áreas comerciais da cidade. Durante quatro meses, a Câmara isentou da renda todos os pontos comerciais situados em áreas públicas. “Isso foi uma grande ajuda para nós. Muitos tiveram que fechar os seus estabelecimentos por causa do Covid e não haveria como pagar o aluguer”, explica o comerciante, arrendatário do Café Anfiteatro, no Parque da Goldra.

A cultura também é um sector que precisa de mais investimentos segundo o estudante Miguel Angelo Farias, 25 anos. “No geral, há poucas opções de programas culturais. Deveria haver uma agenda mais ampla e que atingisse a maioria da população”, sugere. A manutenção dos parques também é um problema que não foi resolvido. Também ele cita o abandono do Parque da Goldra como exemplo. “Falta manutenção e vigilância no parque”, completa.

Mesmo não estando habituado a participar na vida política do município, o estudante gosta de sugerir e solicitar soluções para os problemas da cidade. “Quanto à análise da gestão actual da Câmara, sou indiferente. Mas procuro sempre votar e manter-me informado do que acontece”, garante, listando ainda problemas como as estradas de acesso às freguesias e a indiferença quanto às necessidades dos estudantes locais. “Às vezes tenho o sentimento de que a Câmara valoriza mais os estudantes que chegam de fora do que aqueles que nasceram em Covilhã”, compara.

“Segunda barragem é necessidade imediata”

Um olhar mais global para o concelho da Covilhã remete para outras reflexões junto das pessoas, como o efeito estufa, o aumento da temperatura no planeta e as consequências disso. Uma delas, será a falta de água. Essa é análise do taxista José Alberto Mendes Craveiro, 66 anos. Para ele, o município não está a pensar numa possível escassez de água na região. “Uma necessidade imediata é a construção de uma segunda barragem”, garante.

José Alberto diz que os políticos não estão a olhar para esse problema da escassez da água, que é grave. E lembra que, em breve, poderá haver desabastecimento de água não apenas na Covilhã, mas em Portugal inteiro. “Precisamos prevenir e isso implica investimentos imediatos nessa questão”, afirma, enumerando ainda a necessidade apoios para o aumento de postos de trabalho no concelho, “que vai fazer girar mais a economia e melhorar a vida das pessoas”.

Aluguer de casas “caros”

A economia também é uma preocupação da reformada Tânia Farias, 59 anos. Que diz que faltam incentivos para novos empreendedores no concelho, para as pessoas que querem abrir um pequeno negócio na Covilhã e que nem sempre contam com o apoio do município. Tânia exemplifica: “Tem o centro comercial do Sporting com muitas lojas fechadas. Ali seria um bom local para receber novos empreendedores, para novos pequenos negócios. E aí deveria entrar o apoio da Câmara Municipal”, sugere.

Outro problema sério para ela é a especulação imobiliária na cidade, principalmente quando chegam novos estudantes à universidade. Os alugueres e os preços de venda dos imóveis disparam, prejudicando os moradores locais. Por isso, mais habitações sociais por parte do município poderiam aliviar o problema. “Quem precisa de moradia, muitas vezes, tem que recorrer a esses alugueres muito caros. Se houvesse mais moradias sociais, para as pessoas que precisam, essa questão poderia ser melhorada”, completa.

Francisco Miguel: agenda cultural precisa ser mais diversificada e descentralizada
Tânia: faltam incentivos da Câmara para os empreendedores que querem investir no concelho
Alexandra reclama que depois das eleições políticos esquecem a população
Miguel Angelo diz que a manutenção dos parques da cidade precisa ser melhorada
José Manuel diz que a situação piorou quando a Câmara modificou o sistema de transportes

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