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Mestre Cargaleiro foi pintar o céu com uma mistura de cores

Inês Ribeiro

Assistente técnica no Museu Cargaleiro

 

O Mestre Cargaleiro decidiu ir pintar o céu com uma mistura de cores e formas como só ele consegue criar. Terá uma tela infinita para expressar o seu talento e sensibilidade que demonstrou enquanto ceramista e pintor.

Apaixonou-se pela cerâmica ainda na infância quando saía da escola e via, fascinado, na olaria de José Trindade, como se dava vida ao barro.

Apesar de ter ido muito novo com os pais para a Caparica sempre voltou às raízes, pois é natural de Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão.

A Beira Baixa orgulha-se deste artista com assinatura internacional que nunca esqueceu as gentes, as paisagens e as cores desta região do Interior.

Cargaleiro também foi um colecionador cuidadoso, adquirindo e integrando na sua coleção obras de importantes artistas (alguns amigos), peças de cerâmica e de azulejaria, têxteis, entre outras tipologias de arte.

Tive o privilégio de fazer parte da equipa de inventário de cerâmica da Fundação, descobrindo o mundo que Cargaleiro colecionou. Era seu desejo partilhá-lo com o público através de um museu de cerâmica, ficando o sonho ainda por concretizar.

Enquanto decorria o processo de inventário, o Mestre visitou-nos e ficava maravilhado ao reencontrar a coleção que tanto prazer lhe deu juntar. Ele dizia que se deslocava muitas vezes a feiras ou antiquários e percorria o País com a D. Isabel, sua companheira, para comprar peças de várias regiões.

Era impressionante a sua memória e as narrativas acerca de cada uma das obras, lembrando-se de pormenores e de contextos históricos e pessoais.

Quando chegava ao Museu Cargaleiro, em Castelo Branco, o Mestre vinha com simplicidade e alegria no rosto.

Era um artista entusiasmado pela cor, pela luz e pela arte da vida, representadas nos seus painéis de azulejos, nas peças únicas de cerâmica que inventou e moldou, nas telas a óleo, nos desenhos e pinturas, nas gravuras e noutros suportes que traduzem a sua versatilidade.

Em cada obra de arte ficou um pouco da alma de Cargaleiro. Quando as contemplamos podemos agradecer-lhe com um sorriso no olhar.

 

 

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