Migrantes já podem tratar da documentação no Fundão

Fundão fez ‘upgrade’ e tem um dos cinco centros locais do país onde é feita a recolha de dados biométricos e são feitos atendimentos mais complexos

O Fundão alargou, desde quinta-feira, 17, os serviços prestados no Centro Local de Apoio à Integração dos Migrantes (CLAIM), com a inauguração de um novo espaço, um dos cinco no país de segunda geração, que permite a regularização documental e está equipado com tecnologia com capacidade para registar dados biométricos e fazer a recolha de dados pessoais.

No país há cerca de 170 CLAIM, aproximadamente 90 a funcionar em parceria com as autarquias, essencialmente com as funções de acolhimento, informação e apoio a cidadãos migrantes, mas a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) pretende reforçar a capacidade de resposta através da abertura de mais espaços de segunda geração e ter dez destes centros no país até ao final do ano.

O CLAIM do Fundão, localizado no edifício Acrópole, tem agora cinco postos de atendimento, quatro deles dedicados à regularização.

Ainda o espaço não tinha sido inaugurado e Loraine e Higor Barbosa, há três anos em Portugal, estavam com os três filhos à procura de informações sobre o agendamento. Ter um espaço AIMA com estas caraterísticas na região evita deslocações longas. Ao NC, a funcionária na área das limpezas e o operador de máquinas, a residirem no Fundão, explicaram que irem a Coimbra implica terem de faltar ao trabalho e uma logística que esta nova valência vem facilitar.

“É muito importante ter um balcão destes mais perto”, referiu Loraine Barbosa, brasileira de 37 anos.

O presidente do conselho diretivo da AIMA, Pedro Portugal, frisou que estes novos espaços, no contexto do Plano de Ação para as Migrações, têm a “vantagem de permitirem o primeiro contacto com o migrante na lógica documental, que depois facilita o seu processo de integração”.

“Vai reforçar a capacidade de resposta, vai trazer uma tramitação documental dos processos, naturalmente privilegiando a população migrante da zona, mas não exclusivamente, porque pode entrar em rede de compensação em termos nacionais”, acrescentou Pedro Portugal, segundo o qual o espaço no Fundão deu um “salto qualitativo”.

O presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, lembrou que a cidade tem um CLAIM desde 2006, na altura mais vocacionado para apoiar emigrantes portugueses no estrangeiro e tratarem de assuntos no seu local de origem, mas sublinhou que, nos últimos anos, o cenário e as dinâmicas se alteraram.

O autarca acentuou que o Fundão é “terra de acolhimento”, vincou o problema demográfico, a importância dos imigrantes para manterem em funcionamento muitas áreas de negócio e para colmatarem a mão de obra em vários setores e vincou a necessidade de dar resposta eficaz à forma como se recebe e acolhe, para aumentar a competitividade do território.

Paulo Fernandes manifestou a disponibilidade do município para “ir mais longe nos serviços partilhados” e aplaudiu a “disseminação, a capilaridade maior da AIMA”, para conseguir “ser o melhor possível” e para facilitar o “processo de inclusão e integração”.

O autarca lembrou que o Fundão tem há vários anos “um ecossistema de resposta ao desafio, oportunidade e problemas” que representam as migrações, considerou a resposta dada aos migrantes “um desígnio nacional” e salientou ser “dos mais importantes para o nosso desenvolvimento nos próximos anos”.

Segundo Paulo Fernandes, o município tem experiência com uma “diversidade muito grande socioprofissional” de perfis de imigrantes no concelho e realçou que tem agido de forma preventiva, e não reativa, para que o processo de inclusão seja “o melhor possível”.

Os quatro balções de atendimento para regularização documental correspondem a seis postos de trabalho e, segundo o presidente, está previsto que seja feita uma média diária de 65 atendimentos, destacando a “capacidade instalada com alguma relevância” e a possibilidade de fazer “atendimentos mais complexos do que a mera deposição de documentos”.

Paulo Fernandes mencionou que a incerteza dos imigrantes sobre os processos provoca ansiedade e os torna mais vulneráveis, alertando para a necessidade de ter mecanismos que deem resposta e não prejudiquem a inclusão e a sua integração.

 

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