A organização considera que a vertente gastronómica está consolidada e pretende que a 16.ª edição do Míscaros – Festival do Cogumelo seja “um evento mais virado para a ciência”, sem descurar a animação e o habitual ambiente que se encontra por estes dias, até domingo, no Alcaide, aldeia do concelho do Fundão.
Ao NC, Fernando Tavares, presidente da Liga dos Amigos do Alcaide (LAA), entidade que organiza o Festival do Cogumelo, em parceria com a Câmara do Fundão, informou que a vertente associada ao conhecimento foi reforçada e que todos os passeios, palestras, workshops e atividades nesse âmbito esgotaram em cerca de duas horas.
“Mostra que há interesse das pessoas em conhecer mais sobre o cogumelo, mas também mais sobre a floresta”, referiu o responsável, segundo o qual há 600 pessoas inscritas nas várias atividades.
Para dar resposta a esse interesse e aumentar o leque de utilizações que o fungo pode ter além da gastronomia, vai estar no Alcaide a herbalista Alice Montanha, que fará passeios guiados para dar a conhecer as plantas da serra e, durante as atividades, vão ser ensinadas utilizações alternativas para os cogumelos.
“O Míscaros tornou mais conhecidas as muitas formas como o cogumelo pode ser cozinhado e contribuiu para que várias espécies vão sendo descobertas para consumo. Este ano queremos mostrar como o cogumelo pode ser utilizado de forma diferente, por exemplo para fins medicinais, na ciência e mais valências que possa ter”, salientou o presidente da LAA.
O tema este ano é “A Floresta”, com o intuito de preservar e regenerar a Serra da Gardunha.
Além da incursão pela floresta, para aprender a identificar e apanhar cogumelos, um dos objetivos passa por sensibilizar e alertar para os cuidados a ter quando se lida com o fungo e com a natureza, no sentido de serem respeitados os ecossistemas.
“A nossa Gardunha está cheia de riqueza. Se tivermos uma área completamente cuidada, no sentido de não haver lixo, de as pessoas saberem apanhar cogumelos, não irem lá com ancinhos ou com foices a tirar tudo o que veem à frente, produzem-se muito mais cogumelos”, sublinhou o presidente da LAA.
Fernando Tavares considera importante aproveitar os cinco dias de festival, que teve início quarta e termina domingo, 16, para fazer pedagogia durante as visitas à floresta, ensinando os visitantes, por exemplo, que não devem apanhar um cogumelo em desenvolvimento ou destruir os que são tóxicos, porque “estão a fazer com que outros que são comestíveis cresçam”.
“Nos passeios queremos não só ensinar que cogumelos comer, mas ensinar como é que devem colher os cogumelos na floresta e como é que devem cuidar da floresta”, reforçou. A cada participante vai ser entregue um saco, para que recolham o lixo que encontrarem no caminho.
O Mercadinho da Terra e do Cogumelo, onde estarão à venda produtos locais, é uma das novidades.
Sexta-feira realizam-se no festival as IV Jornadas do Interior, onde vão ser discutidos a agricultura, floresta e energia como vetores de desenvolvimento regional.
Este é o ano com o maior número de chefs a cozinharem ao vivo, vincou o responsável. No total, são 14, dois com estrela Michelin: António Loureiro e Alexandre Silva.
No domingo, às 13:00, realiza-se o habitual almoço comunitário. O prato tem o custo simbólico de um euro, que reverte para a reconstrução da sede da LAA.
Para ser “mais fácil para todos”, Fernando Tavares apela para que os visitantes se desloquem nos autocarros que estão a circular entre o Fundão e o Alcaide.