Estará encontrada a solução para a crise financeira que a única rádio do concelho, a Rádio Caria, está a atravessar. Desde a passada quinta-feira, 11, que a emissora passou a ser gerida pela Mundial FM, uma rede que detém, no país, sete frequências, todas elas na região centro.
Para que tal acontecesse, a opção foi manter a rádio no proprietário de sempre, a Associação Cultural e Recreativa de Caria que, contudo, foi a votos nesse dia, com a única lista a sufrágio a ser constituída pelos “donos” da Mundial FM, sedeada em Águeda.
“Tornámo-nos sócios, candidatámos às eleições e fomos eleitos” explica Nuno Soares, CEO da Mundial FM, que passou agora a presidir a associação. Para que tal sucedesse, sabe o NC, os sócios acederam a uma alteração dos estatutos e, assim, foram nove as pessoas, todas ligadas à Mundial FM, que passaram a integrar os órgãos sociais.
“O objetivo é expandir a rede e devolver à região a Rádio Caria. Estamos empenhados na sua transformação, para melhor, a favor dos ouvintes. Com a qualidade técnica que temos, e os recursos humanos existentes, queremos ter uma rádio que seja apetecível do ponto de vista comercial. Os problemas não se resolvem em dois dias, mas vamos trabalhar para dar músculo financeiro à rádio” assegura Nuno Soares, que promete, para o futuro, nova programação, novos conteúdos e uma imagem totalmente renovada.
Sobre o passivo existente, que segundo denunciou o radialista e funcionário da rádio, Sérgio Gomes, estaria acima dos 30 mil euros, entre dívidas a funcionários, finanças e segurança social, Nuno Soares prefere não quantificar. “Estamos ainda a fazer o levantamento. Algumas dívidas já foram saldadas, outras estão a ser renegociadas. Mas já investimos” garante, assegurando que os dois funcionários da emissora se manterão. Mas de resto, “toda a rádio será nova, de princípio a fim”, com investimento também em novos equipamentos ou sistema informático.
“Esta era a única forma de dar sustentabilidade, a longo prazo, à rádio, porque as receitas não são compatíveis com as despesas que tem” frisa o ex-presidente da Associação Cultural e Recreativa de Caria, Luís António Almeida. Que ficou satisfeito com a solução encontrada. “Penso que manterá a sua matriz, mas com uma gestão profissional, que não tinha. Era esta a solução que tínhamos em mente, que estava a ser trabalhada. E penso que não havia mais nenhuma” frisa.
Recorde-se que a situação instável pela qual está a passar a emissora foi denunciada pelo radialista Sérgio Gomes a 28 de fevereiro, na assembleia municipal de Belmonte. Segundo o mesmo, havia ordenados em atraso, dívidas à segurança social e finanças, e 30 mil euros para pagar tudo “não deve chegar” dizia. Entretanto, a hipótese de um investidor privado entrar na gestão da rádio foi dada a conhecer em meados de março, quando a autarquia belmontense aprovou um apoio extraordinário de três mil euros à Associação para fazer face a questões mais prementes, como os ordenados em atraso aos dois funcionários da estação. Que, até final da passada semana, ainda não tinham recebido, sabe o NC, os ordenados de fevereiro e março, havendo, contudo, a garantia da nova administração de uma resolução rápida do problema.
“Nós não mandamos na associação, que segue o seu rumo. Não podemos é permitir que se percam estruturas fundamentais, neste caso, a rádio, que é tão importante para o concelho. Parece que está no horizonte uma solução, de um privado para assumir a responsabilidade da rádio. Espero, a seguir à Páscoa, reunir com o senhor e ver o que vai acontecer” afirmava então o presidente da Câmara de Belmonte, António Dias Rocha.