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NC: um jornal que faz falta

António Rodrigues de Assunção

Um jornal nunca morre. É eterno. É daquelas coisas – e daquelas pessoas, claro – que, «por obras valerosas se vão da lei da morte libertando», parafraseando Camões. O que aconteceu ao “NC” recentemente foi que a sua edição em papel, que nos habituámos a folhear em casa ou à mesa do café, lendo ou então, a outro nível, redigindo para ele textos, crónicas, poesias, o que aconteceu foi que «apenas» suspendeu, esperamos que por breve tempo,  a sua publicação semanal.

Com o passar dos anos, o “NC” tornou-se um hábito, uma companhia, um parceiro benfazejo de informação e de formação das opiniões. Sim, porque o “NC” nos habituou a esse paradigma que há muitos anos o enforma: o seu pluralismo editorial, que transparecia do seu conteúdo, do arranjo criterioso da sua imagética, da estética que o foi renovando. Porque a imagem e a sua estética, a par com o discursivo dos textos, conformam e ampliam a pluralidade e o acolhimento do contraditório, portanto, do pluralismo. E isto, tudo isto, sem jamais virar as costas à identidade que está consagrada no seu Estatuto Editorial.

Tem já uma longa História, o “Notícias” (este nome pelo qual é carinhosamente tratado por tantos que semanalmente o leem…). Antes de, já lá vai mais de um século, passar  a encimar na primeira página o título actual, chamava-se “A Democracia”, entendendo-se por tal o ideal da histórica Democracia Cristã, um ideal a que o jornal se dedicou e ao qual, com as lógicas mas criteriosas adaptações sempre exigidas pelas circunstâncias, permaneceu fiel.

Tenho tido, ao longo dos últimos anos, o privilégio de merecer a publicação, por vezes com regularidade semanal, dos meus artigos, crónicas e comentários. E nunca, da parte dos seus directores, desde o saudoso Dr. António Mendes Fernandes, o também saudoso padre Geraldes ou ainda o Padre Fernando Brito, meu Mestre de espiritualidade e de exemplo cívico, nunca os meus trabalhos foram rejeitados ou censurados. Nunca me questionaram acerca da minha orientação política ou doutrinária.

Foi, por isso, com surpresa sincera e não menos sincero lamento, que tomei conhecimento da suspensão da edição em papel do “NC”. Seguiu-se um vazio. Que era inevitável. É que não é um qualquer que perfaz mais de um século, depositado, semana a semana, carinhosamente, nas inúmeras bancas da Covilhã, oferecido assim à leitura dos seus habitantes. Mas tenho a firme convicção de que, não tendo, de modo nenhum, caído – e muito menos caído no esquecimento – o “Notícias da Covilhã” vai voltar. Que seja para breve, são os meus votos.

 

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