A abolição das portagens nas antigas vias sem custos para o utilizador (SCUT) “está cada vez mais longe de ser uma possibilidade”. Foi esta a mensagem deixada terça-feira, 24, na Covilhã, pela ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
“Não temos margem da Comissão Europeia para continuar”, acrescentou a ministra. “A própria Comissão Europeia questiona” Portugal porque é que está “a fomentar o uso do veículo individual, ao reduzir as portagens”, reforçou.
A governante sublinhou que a prioridade deve ser o incentivo à utilização de transportes coletivos e elétricos e não rejeitou que o valor nas antigas SCUT não possa novamente ser reduzido, mas não promete.
“Não vou dizer que não vamos continuar a reduzir as portagens, mas também não vou prometer”, salientou Ana Abrunhosa, questionada sobre o assunto.
A ministra da Coesão Territorial recordou que a redução do valor das portagens em 30% é implementada em janeiro e disse que depois o Governo vai avaliando.
“Vamos avaliando. Agora, não temos condições políticas, nem geopolíticas, nem de outro nível para continuar a reduzir muito as portagens. Isso tem de ficar bem claro”, vincou Ana Abrunhosa.
Segundo a governante, a diminuição anunciada em 28 de setembro dos custos de circulação na A22, na A23, na A24, na A25, na A4, na A13 e na A13-1 foi uma exceção, “justifica-se nestes territórios” e afirmou continuar a defender a redução.
“Foi uma situação excecional, porque verdadeiramente não temos transportes coletivos em quantidade e em qualidade, mas devemos investir então para que haja esse transporte coletivo e incentivar as famílias a utilizar esse transporte coletivo e a deixar o transporte individual”, argumentou Ana Abrunhosa.
A ministra chamou a atenção para reações negativas à medida de entidades que consideraram estar a ser fomentada a carbonização e acrescentou que a margem do Governo para continuar a reduzir o valor das portagens está cada vez mais reduzida.
“Eu acho que hoje esta não deve ser a medida prioritária de qualquer Governo, reduzir as portagens. A nossa margem política para o fazer está cada vez mais reduzida”, salientou.
A ministra enfatizou o custo de contexto que representam as portagens e acrescentou que o valor foi reduzido nos territórios do interior para permitir às pessoas “chegar com menos custos ao hospital, ao seu local de trabalho, ao centro de saúde, a um evento cultural”.
Sobre um eventual aumento do valor a pagar nas autoestradas no próximo ano, Ana Abrunhosa referiu ser “uma preocupação”, mas remeteu o assunto para o ministro das Infraestruturas, João Galamba.
“Não me fica bem falar em nome de um ministro que neste momento está a fazer esse trabalho e essa negociação, que é o senhor ministro das Infraestruturas, mas é uma preocupação que todos temos, naturalmente”, disse.