A Câmara de Manteigas está a preparar um conjunto de medidas que evitem atropelos à natureza, por parte dos inúmeros turistas que acorrem ao local no outono, no bosque das Faias. O anúncio foi feito na passada semana, na reunião do executivo, pelo presidente da autarquia, Flávio Massano.

“Nós o que queremos é que as pessoas valorizem o local, o respeitem e preservem, e que cá possam dormir, almoçar e deixar cá dinheiro, na economia local” disse o autarca, quando confrontado pelo vereador do PS, Tomé Branco, sobre se este ano haveria “alguma medida de proteção à pressão turística naquele local”.

Recorde-se que, em dezembro do ano passado, os vereadores da oposição na Câmara de Manteigas (PS e PSD) tinham alertado para a “pressão de visitação” do bosque das Faias, durante o mês de novembro desse ano, em que recebeu milhares de turistas, de norte a sul do País. Segundo o socialista Tomé Branco, este fluxo turístico podia por em causa a preservação ambiental daquele lugar. “O PS tem um plano para diminuir a pressão de visitação turística às Faias. Não prevê a diminuição da sua divulgação, mas de visitação, com a promoção, pelos turistas, de outras folhosas também aqui existentes. E também prevê planos para grupos, para evitar grandes aglomerações” anunciava o vereador.

Já pelo PSD, Nuno Soares dizia não concordar com a forma como as Faias estavam a ser utilizadas. “Comigo, os concertos que lá aconteceram não teriam lugar. Devemos vender o produto o mais natural possível, pois é a natureza que tem permitido a Manteigas viver” frisava o vereador, que dizia que as Faias estavam “demasiado pressionadas”.

“Neste ponto, temos uma ligeira discordância. Foram cinco a seis semanas que fizeram de novembro um balão de oxigénio para os nossos empresários da restauração e alojamento, embora eu ache que não estamos mal. Estamos a preparar um programa que não vai aumentar a pressão na rota, teremos mais de 20 caminhadas e algumas novidades” afirmou o presidente da Câmara, Flávio Massano, que anunciou algumas das medidas de proteção que vão ser aplicadas: o ordenamento do estacionamento ali perto, a aplicação de uma cancela que impeça automobilistas de entrarem no próprio bosque e rota da Faia, e nova sinalização para caminheiros.

No ano passado, Flávio Massano lembrava que as Faias era “um espaço de todos, um baldio” em que as pessoas “entram e saem quando querem”, mas garantia que a Câmara promovera no mês de maior visitação o “espaçamento”, com a promoção de caminhadas em grupos restritos. “Os particulares que vêm por sua conta e risco, não temos legitimidade para os impedir. O que podemos fazer é sensibilizar” afirmava. O autarca recordava que este cartaz era uma aposta do município, tal como outros, mas que as Faias tinham atingido uma “dimensão pública” face ao “passa a palavra” que atrai cada vez mais gente. “Nós não as queremos pressionar, e por isso, a divulgação de outros locais será feita. Quem nos dera ter outros locais com tanta visitação como as Faias” afirmava.