Nem que seja necessário ir à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEST) “bater o pé” para mostrar a realidade com que vivem as escolas de vilas do Interior, como Belmonte. O novo diretor do Agrupamento de Escolas Pedro Álvares Cabral, Daniel Tomé, está determinado em estancar “a sangria” de saída de alunos da escola, especialmente no secundário, para cidades limítrofes.
“Temos que demonstrar que temos uma densidade populacional em que não podemos ombrear com a Covilhã ou Guarda, onde existem 300 ou 400 alunos em cada uma das escolas. Se tivermos 50, ou 60 alunos, temos que trabalhar nisso. A mim compete explicar isso aos meus superiores, porque senão a sangria acontece. Temos que batalhar, senão qualquer dia temos dois autocarros a irem para a Covilhã e isso é dinheiro que sai do erário camarário” afirma o novo diretor, eleito no início de novembro pelo conselho geral (foi candidato único) e que tomou posse no passado dia 29 de novembro.
Daniel Tomé lembra que Belmonte está “no meio de dois gigantes, Guarda e Covilhã”, tem uma população de cerca de seis mil pessoas, o que pode dar, na melhor das hipóteses, 50 a 60 alunos no secundário. “Para se fazer um grupo de profissional no décimo ano, são precisos no mínimo, 20 alunos, segundo o regulamento. Mas se eu tiver que ir com o presidente de Câmara a Coimbra bater o pé à DGEST, para ter turmas com 10 ou 12 alunos, vamos lá” garante.
Prometendo “galvanizar os colegas e os alunos”, o novo responsável quer melhorar aquilo que o seu antecessor, David Canelo, deu à escola em mais de duas décadas de liderança. “As coisas boas, vou dar seguimento, com o meu cunho pessoal. Tenho quatro anos em que espero muito trabalho. Acima de tudo, no meu primeiro eixo, dos resultados educativos e sociais, há metas que tenho. Mas vou priorizar a relação com a comunidade. Temos que nos abrir, não somos uma ilha” frisa Daniel Tomé, que recorda sempre ter sido um homem do associativismo e priorizar, por isso, as colaborações. “Andei por lá e é normal que queira protocolos com a Câmara, juntas de freguesia, centro de saúde, associações de pais e estudantes. Vamos ter que dar um volte-face na dinâmica da escola” afirma.
Em termos estruturais, o novo responsável deseja melhorar a eficiência energética dos edifícios que acolhem alunos. “No inverno está muito frio, apesar de termos o aquecimento, há muito calor que sai, e no verão, são 40 graus nas salas” lembra. Recordando também uma velha aspiração da escola: um pavilhão desportivo no recinto que evite deslocações ao municipal. “Falta-nos também um mini-ginásio. Falei com o presidente da Câmara, não precisamos de uma coisa megalómana, mas sim um pequeno ginásio para duas ou três turmas, com uns balneários. Penso que é possível concretizar. Não sei que rubrica a autarquia tem, tendo em conta o PRR, é uma questão a abordar. Temos de saber onde podemos alocar cerca de 150 mil euros. E fazer com que em futuras eleições, nos panfletos das campanhas eleitorais, se fale deste mini-pavilhão.”
Daniel Tomé foi eleito para liderar o Agrupamento nos próximos quatro anos.