Em 1968, casado há apenas sete meses, foi preso, pela segunda vez, pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), por não ter acatado a ordem pública de não voltar a integrar o elenco diretivo do Grupo Educação e Recreio Campos Melo, onde era então presidente da direção. Cumpriu 40 dias de prisão no calabouço da PIDE na Guarda, “onde estive incomunicável e a minha jovem esposa impedida de visitar-me e de entregar vestuário e comida”. É de histórias como esta, pessoais, que é feito o novo livro do covilhanense José António Pinho, que é apresentado esta sexta-feira, 11, pelas 17 horas, no Salão Nobre da Câmara da Covilhã.
Segundo o autor do prefácio, Fernando Paulouro, a narrativa é, “de certo modo, ele, o autor, e as suas circunstâncias, moldadas num País onde a liberdade, que é o centro de todos os outros direitos elementares, não existia”. Em “Os 510 presos do concelho da Covilhã”, o nome desta nova obra, José António Pinho “vai à procura da sua própria história e conta-a no contexto do país sem olhos e sem boca” conta Paulouro, que diz que o autor quis fazer deste livro uma “obra de divulgação, contra um esquecimento que coloca na opacidade do desconhecimento do Portugal concentracionário”. E partir do seu percurso cívico, “Pinho faz a caracterização do quotidiano salazarista, das cadeias para os presos políticos, da repressão severa contra os que ousavam dizer não, das torturas e do medo” conta Fernando Paulouro.
Na obra, José António Pinho lembra que como cidadão e empresário, “lutei e luto por uma sociedade livre e democrática”. À beira de fazer 86 anos (no próximo dia 28 de novembro), recorda que esteve “frontalmente contra a guerra desencadeada pelo Estado Novo” e que hoje continua a não ter medo de “estar contra as ideias fascistas e guerras na Europa, África e Médio Oriente”.
O livro vai ser apresentado pelo Casimiro Lopes dos Santos e João Martinho Marques. A iniciativa está integrada nas Comemorações dos 50 anos de Abril.