Nuno Soares deixa PSD e é o candidato do PS à Câmara de Manteigas

Vereador “laranja” passa a independente. E garante que mudança não é assim “tão radical”

Nuno Soares, que durante os últimos três anos e meio desempenhou o cargo de vereador eleito pelo PSD no executivo de Manteigas, vai ser, nas próximas autárquicas, o candidato do PS à Câmara.

Depois de, no início da passada semana a concelhia socialista de Manteigas ter anunciado o nome do vereador como a escolha para disputar a liderança da Câmara, na passada quarta-feira, 23, na sessão do executivo, Nuno Soares, 50 anos, anunciou que a partir desta data passava a ser vereador independente. “Depois de me ter desfiliado do PSD, perguntei aos órgãos se deveria suspender ou renunciar ao mandato de vereador. Não obtive resposta a esta solicitação. A partir desta data passo a ser vereador independente, o futuro dirá se até final do mandato ou não” disse Nuno Soares.

Segundo a concelhia do PS, que aprovou a escolha de Nuno Soares por unanimidade, este é a pessoa mais preparada para este desafio, face à experiência adquirida, com um trabalho autárquico “amplamente elogiado”. O partido quer apresentar-se ao eleitorado como “alternativa credível” ao executivo liderado por Flávio Massano, que se irá recandidatar ao cargo.

O candidato já disse à Lusa que encara a mudança com a mesma naturalidade com a qual “o atual presidente da Câmara, Flávio Massano, foi deputado do PSD na Assembleia Municipal, foi filiado na JS e hoje está num movimento independente”. Soares acrescenta que, “toda a gente sabe” que o seu número dois, o vice-presidente Sérgio Marcelo, “é socialista”, que a chefe de gabinete foi filiada no PSD e que o cabeça de lista do movimento independente à Assembleia Municipal, Albino Cardoso, foi filiado e deputado municipal do PS e candidato pela CDU. Soares também recorda que aquele que é apontado como candidato do PSD à Câmara, Nuno Gonçalves, iniciou a carreira política como candidato do PS à Junta de Vale de Amoreira e depois pelo PSD, “e ganhou”. O vereador salienta ainda que nas eleições autárquicas, mais importante que a cor partidária é “aquilo que as pessoas estão interessadas e disponíveis a fazer pela sua terra”. Nuno Soares, que esteve filiado no PSD cerca de 30 anos, salienta ainda que os dois partidos são atualmente “muito parecidos” em termos de ideais, pelo que a troca “não é assim tão radical que cause estranheza a toda a gente”.

Não renegando o passado, Nuno Soares, antigo conselheiro nacional e dirigente distrital e concelhio do PSD, assegura que não voltaria a ser candidato social-democrata por causa de “algumas pessoas e atitudes” da Comissão Política Distrital da Guarda. “O PSD traiu os interesses da região quando votou contra a abolição das portagens na A23 e A25. E, após as últimas legislativas, as reuniões da Distrital não eram para falar de projetos políticos e do que o Governo poderia fazer pelo distrito, mas para discutir lugares e tachos”.

O candidato do PS, que aponta à vitória, diz ainda que muitos dos projetos com que se apresentou há quatro anos não diferem muito dos que o PS apresentou. “Não há divergência de fundo, o que facilitou a aproximação e chegar a este entendimento” afirma. Recuperar infraestruturas municipais degradadas pela passagem dos anos, disponibilizar habitação para dar resposta à procura provocada pelos trabalhadores do setor da hotelaria e atrair investimento são as “principais carências” do concelho, aponta.

Nas últimas autárquicas, Flávio Massano ganhou com 34,1% dos votos e conseguiu dois mandatos no executivo, tendo governando com maioria relativa. O PS, cujo histórico dirigente Esmeraldo Carvalhinho se recandidatava à presidência (mas não assumiu o cargo de vereador), ficou-se pelos 28,1% e também elegeu dois vereadores. Já Nuno Soares (PSD) contabilizou 26,7 %. Por sua vez, Célia Morais (“Nós, Cidadãos!”) registou 6,7 e António Santos (CDU) ficou com 1,4% dos votos.

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