Nuno Ezequiel Pais
No Estado Novo, Portugal era uma ditadura corporativista. Não havia partidos, a sociedade estava organizada em grupos profissionais que “representavam” os interesses de classe. Essas corporações eram controladas pelo Estado, que assim mandava nas organizações sociais e económicas.
A economia era controlada, fechada, protecionista, sem livre iniciativa. Tarifas muito altas para importação e restrições a empresas estrangeiras. A competitividade era baixa e a aposta tecnológica ainda mais baixa. A concentração de poder nos amigos do regime limitava as oportunidades aos pequenos e médios negócios. Os salários eram baixos para a maioria dos trabalhadores. Os do campo (sobretudo no Alentejo) eram tão explorados que parecia escravatura. Por isso o PCP ali cresceu tanto.
O 25 de Abril trouxe mudanças radicais ao setor empresarial, porque o clima político e social pós-revolucionário era fundado em conceitos (e preconceitos) ideológicos novos.
Foi o tempo das nacionalizações, para reduzir a concentração de poder e promover uma
distribuição mais justa da riqueza. Claro que isso resultou na captura de alguns setores
estratégicos (banca, seguros, indústria pesada…).
Foi o tempo da reforma agrária, que redistribui terras de grandes proprietários pelos pequenos camponeses. Isso impulsionou a produção agrícola e melhorou as condições de vida dos agricultores.
Foi o tempo de novas leis laborais, que aumentaram os direitos dos trabalhadores e as
condições de trabalho nas empresas e nas fábricas.
Com o 25 de Novembro, a democratização económica despontou. Abrimo-nos ao mercado internacional e vieram as privatizações.
Tal como na política, também a democracia económica não aconteceu logo no dia 26 de abril. Levou o seu tempo. E foi preciso o PSD, o CDS, o PS e várias políticas ao centro, porque os extremos nunca deram bons resultados.
Não estamos como queremos, mas estamos muito melhor do que no tempo do Estado Novo.
Viva o 25 de Abril!