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O aumento do número de vagas em medicina

Ana Antunes

(MEDUBI)

Quando ouvimos falar do aumento de vagas para o ingresso num curso do ensino superior, pensamos sempre numa boa notícia, numa maior capacidade formativa do nosso país. Não é por os/as estudantes de medicina serem especiais, mas a verdade é que em relação ao curso de Medicina, a história não é assim tão linear.

Como todos sabemos, o curso de Medicina tem por intuito formar profissionais de saúde que futuramente garantam o acesso e direito à saúde, bem consagrado na constituição portuguesa.

Atualmente Portugal, enquanto país membro da OCDE, forma mais profissionais de saúde do que a média da OCDE. Se de um lado da moeda temos uma maior garantia da saúde no nosso país, do outro temos o aumento da pressão na capacidade formativa dos vários hospitais e Escolas Médicas Portuguesas.

No passado dia 18 de abril, foi divulgado o aumento das vagas na Faculdade de Ciências da Saúde da UBI de 145 para 150. Após reunião com a direção da Faculdade, foi nos confirmado que este aumento não representará um aumento real no contingente geral, mas sim uma realocação de vagas dos contingentes especiais para o contingente geral.

Apesar de tal aumento do número de vagas não se verificar para o próximo ano letivo, torna-se importante refletir sobre quais os verdadeiros impactos deste. Em primeiro lugar, a parca quantidade de recursos humanos reflete-se no aumento do rácio estudante/tutor. Materializando isto, a verdade é que ninguém gosta de estar num consultório com o médico e mais 4 estudantes, nem os/as estudantes por deixar o utente vulnerável, nem o utente por considerar que a sua privacidade é posta em causa. Em segundo lugar, a própria qualidade formativa é posta em causa. Como? É fácil imaginar que um tutor com um estudante poderá dirigir muito mais o ensino, assim como todas as dúvidas que possam surgir em relação a um caso.

Ainda, no seguimento desta notícia, há que atentar ao próprio relatório da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) que no relatório de creditação anterior menciona que “a aplicação do modelo pedagógico fica claramente prejudicada face ao aumento do numerus clausus“.

Mas afinal como é que se consegue solucionar este impasse? Uma solução fácil não existe. Há que refletir sobre o estado atual da formação médica em Portugal, olhando ainda para o status quo do SNS em 2024. Tem de ser uma prioridade deste Governo privilegiar a qualidade da formação médica à quantidade, aumentando e melhorando as ferramentas de fixação dos recém-licenciados em Medicina em Portugal.

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