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O Culto de S. Sebastião no Fundão

Pedro Silveira

 

Professor

 

O Culto de São Sebastião ainda está muito presente e enraizado no concelho do Fundão. É celebrado no dia 20 de janeiro, data do seu falecimento e dia litúrgico. Nasceu em Narbonne, na Gália, pelos anos de 250 d.C. O “Divino Santo” tanto é adorada em Portugal como no Brasil, sendo padroeiro do Rio de Janeiro. O povo também o designa como “Martle”. Converteu-se ao Cristianismo e foi mandado executar numa árvore, tendo sido crivado por frechas. Sobreviveu ao primeiro martírio e o Imperador mandou novamente executá-lo à paulada, sendo atirado para o esgoto de Roma (Cloaca Máxima). As duas mulheres seguidoras de S. Sebastião foram Irene e Lucília, as grandes cuidadoras de S. Sebastião.

Depois desta breve descrição sobre S. Sebastião, Portugal num determinado tempo da história assumiu S. Sebastião como protetor do Reino de D. Sebastião, uma vez que o seu avô, D. João III tivera nove filhos e todos eles faleceram, colocando em perigo a sucessão do Trono, apenas restando o seu único filho, o Príncipe D. João, que faleceu dezoito dias antes de nascer o seu filho, o Rei D. Sebastião, o “Desejado”, neto de João III. Assim nasceu o Rei, no dia 20 de janeiro de 1554, dia de São Sebastião. “Assumindo esta comunhão com a missão do Santo onomástico, El Rei D. Sebastião(…)”. A devoção a S. Sebastião começa a crescer, e foi promovida pelo Rei João III, sobretudo pelo seu neto, D. Sebastião, que chegou ao poder, no dia 20 de Janeiro de 1568, com apenas 14 anos. Curiosamente, S. Sebastião advoga contra a fome, guerra e pestes. No nosso País passámos por estes males da humanidade. O Rei D. Sebastião devoto de Santo toma diversas iniciativas para promover o culto, no sentido de proteger o seu povo para que a guerra, a fome e a peste não entrassem em Portugal. Assim nasceram quase trinta Ermidas no concelho do Fundão, sobreviveram 20, e atualmente existem perto de 40 imagens em honra de S. Sebastião nas mais diversas paróquias. Os templos formam um autêntico “cerco” e foram construídos à entrada das aldeias e vilas para que nenhum desses infortúnios as afetasse. Fazia sentido o culto, vejamos alguns exemplos de desespero do Rei: a peste de 1569 provocou milhares de mortos.

O culto continua ativo e foi crescendo devido às guerras constantes, como as invasões francesas, a participação na I Guerra Mundial e na a Guerra Colonial. Daí nascem os “Bodos” Santos que eram oferecidos às comunidades gratuitamente, como promessa para que as pragas e a fome não entrasse nas comunidades, como é caso da oferta de filhoses na Soalheira, as Papas em Póvoa de Atalaia e o Pão, em Janeiro de Cima. Um culto e os seus bodos de rara beleza, uma marca de um património imaterial que se mantém cuidado pelas suas populações.

 

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