O dia em que a Covilhã não teve autocarros

Houve, na passada quinta-feira, escolas encerradas, e na Covilhã, transportes urbanos não circularam. União dos Sindicatos considera que greve geral foi uma “grande resposta” às intenções do Governo em aplicar o pacote laboral

Junto ao Pelourinho, na passada quinta-feira, 11, um grupo de sindicalistas assegurava que o pacote laboral não passará, com gritos de contestação à medida que o Governo quer aplicar. À frente deles, o líder da União de Sindicatos de Castelo Branco (USCB), Sérgio Santos, mostrava-se satisfeito com os números da adesão à greve geral realizada nesse dia, que segundo o mesmo, em termos gerais, e abrangendo todos os setores de atividade, andou na ordem dos 70%. “Está a ser uma grande greve”, garantia a meio da tarde, quando ainda havia mais algumas horas para os trabalhadores poderem mostrar o seu descontentamento.

Segundo Sérgio Santos, “um pouco por todo o lado” houve gente que não trabalhou, fosse no sector público, fosse no privado, contrariando o ministro Leitão Amaro que dizia que neste último sector, a adesão nem teria chegado a um por cento. “Não sei onde foi buscar esses números” afiançava o líder sindical, que apontava 70% em termos gerais, no distrito. Detalhadamente, no setor têxtil, Sérgio Santos apontava para 85 por cento de adesão, num sector em que além do pacote laboral se reclamam salários mais altos e um subsídio de refeição, de 2,65 euros, que considera “miserável” e que se prevê apenas aumente 13 cêntimos no próximo ano. “Estamos a falar de trabalho precário, e das dificuldades que esses ordenados dão a um jovem de poder aspirar a comprar um carro ou uma casa” salientava Sérgio Santos. Nos têxteis, os números mais significativos eram no Grupo Paulo de Oliveira, em que a adesão terá ultrapassado os 70%.

No distrito, houve escolas encerradas, e na Covilhã, 95% das pessoas que nelas trabalham aderiram ao protesto. Hospitais e centros de saúde estiveram de portas fechadas, a Segurança Social também, tal como a estação de caminhos de ferro da CP. Ainda nos transportes, a adesão foi de 98 por cento no distrito, sendo que na Cidade Neve a adesão à greve foi total. Na hotelaria (90%), call centers (80%), administração local (65%) e tribunais (80%) a adesão também foi significativa, segundo Sérgio Santos, e no privado, a APTIV, em Castelo Branco (80%) e as Minas da Panasqueira (90%) foram exemplos que o sindicalista apontou como de “grande resposta às intenções do Governo”. “Os trabalhadores do distrito estão a dizer não a este pacote laboral” assegurou Sérgio Santos.

O líder da USCB foi, contudo, crítico com a paralisação marcada para o dia seguinte por sindicatos que não são afetos às principais estruturas sindicais, UGT e CGTP. “São independentes, e acabam por tirar alguma força à greve de hoje, e muitas vezes apenas para as pessoas ficarem em casa antes do fim-de-semana”, salienta.

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