Porque se candidata à Câmara?
Porque acredito que a política precisa de convocar pessoas comprometidas com o futuro da sua região e das suas terras. Nunca tive militância política, mas acredito que nas eleições autárquicas o que conta é a disponibilidade e a vontade de fazer. Eu tenho experiência profissional como jornalista, o que me ensinou a ouvir; como gestor, o que me ensinou a tomar decisões (mesmo as mais difíceis) e experiência associativa, o que me ensinou a trabalhar com e para a comunidade.
Não me candidato contra ninguém, candidato-me porque acho que os fundanenses merecem uma alternativa. O Fundão precisa de uma mudança e de uma nova capacidade de diálogo, de proximidade e de ação para enfrentarmos os problemas e os desafios que temos pela frente. É por isso que me candidato, para com humildade fazer da minha terra e da nossa casa comum um lugar melhor para todos viverem. Essa é a minha única ambição política.
Depois do PS ter liderado alguns anos a autarquia, o trabalho de Manuel Frexes e Paulo Fernandes dificulta uma possível nova liderança socialista?
Penso que a vida é feita de ciclos e na política não é diferente. No caso do Fundão o longo ciclo de poder do PSD termina com a saída de Paulo Fernandes. A divisão e o ambiente de guerra civil que se vive na Câmara Municipal, com os seus vereadores, equipas em aberta hostilidade é um sinal claro de que não há um projeto para o futuro, para um novo ciclo, mas apenas prolongar o que já foi feito ou executar medidas preconizadas pelo atual Presidente. Nenhuma das candidaturas do PSD – a oficial e a dos dissidentes da Comunidade com Força, que se auto intitula de “independente” – acrescenta nada, apenas um movimento de interesses instalados há longos anos no poder e na rede clientelar que ele alimenta. Penso por isso que a mudança e o início de um novo ciclo mais próximo das pessoas e dos seus problemas só é possível com a minha candidatura como independente nas listas do PS. A escolha é simples: mudança positiva e progresso com o PS ou estagnação, retrocesso ou repetição com qualquer uma das outras candidaturas, a do PSD Lado A, de Miguel Gavinhos, ou a do PSD Lado B, de Alcina Cerdeira.
Quais os principais problemas que pensa ainda existirem no seu município?
Há problemas estruturais que exigem uma visão e uma estratégia a longo prazo. E há problemas de ação concreta que exigem medidas de resposta rápida. Relativamente aos estruturais, temos o desafio demográfico e a necessidade de fixar e atrair pessoas e empresas, diversificando a nossa base económica e melhorando o contexto para as nossas empresas serem mais competitivas. Temos também o estado calamitoso da rede viária e das acessibilidades às freguesias que exigem investimento faseado e planeado em função da colossal dívida do município. Temos o acesso à saúde e a mobilidade e transportes em condições de igualdade para todos os habitantes do concelho e também a rede escolar, carente sobretudo no pré-escolar. Finalmente a habitação, como um problema prioritário a exigir respostas rápidas e diferentes das políticas seguidas até aqui. Depois há medidas urgentes a tomar no domínio da higiene urbana, dos espaços públicos, do ordenamento da floresta, do apoio às freguesias, da reorganização dos serviços municipais e recursos humanos. Curiosamente todas estas áreas são tuteladas pelos candidatos do PSD e da Comunidade com Força que agora, aparentemente vindos de algum OVNI na Gardunha, prometem soluções mágicas para os problemas que não conseguiram resolver nos últimos 12 anos. O essencial a reter é que há políticas públicas que devem ser continuadas, outras reavaliadas ou corrigidas, mas há sobretudo que encontrar novas respostas e uma nova visão para o concelho.
Que ideias defende para desenvolver o concelho?
Temos de estabelecer uma meta que é tornar o Fundão o concelho com melhores índices de qualidade de vida do Interior. A qualidade de vida é hoje um fator de atração e de fixação, quer de pessoas, quer de empresas e de investimento. O desafio demográfico só se vence com oferta de qualidade de vida. Além das necessidades básicas e estruturais que precisamos de suprir, temos de construir uma comunidade feliz, inclusiva, solidária e participativa. Temos um programa com medidas focadas nos vários ciclos de vida – desde o nascimento e a infância, passando pela juventude, a idade ativa e a idade sénior. Em cada uma destas fases da vida há necessidades específicas que exigem respostas específicas e políticas públicas inovadoras. Vamos ter em especial atenção as políticas para a infância e para a idade sénior, porque acreditamos que é neste laço intergeracional que está o futuro do Fundão. Cuidar das crianças e jovens, cuidar das empresas e dos empreendedores, cuidar dos trabalhadores, cuidar dos mais velhos e oferecer espaços públicos atraentes, serviços de qualidade na educação, na saúde, nos transportes. Ter cultura e entretenimento na cidade e nas freguesias, dar valor aos nossos produtos e à nossa identidade, combater a exclusão e investir no bem-estar de todos. Só assim seremos competitivos e só assim seremos uma terra de oportunidades para todos.
Se perder, assume o lugar de vereador?
Estou disponível para trabalhar para o futuro do Fundão nas funções que o voto popular indicar, ao contrário de Miguel Gavinhos e de Alcina Cerdeira, que já afirmaram em entrevista que apenas estão disponíveis para ser presidentes da Câmara. Penso que isso explica tudo.