“Não sabia. Não fazia mínima ideia de que ele tinha cá estado”. Joana, 45 anos, natural de Lisboa, aproveita uns dias de férias para, face à pandemia, fazer férias “cá dentro” e visita Belmonte pela primeira vez. Quando se encaminha para o castelo, depara-se com uma estátua de Zeca Afonso, ali colocada no início do mês, que imortaliza o cantor e compositor que, durante a infância, passou ali cerca de três anos, na casa do tio Laurindo, que era presidente de Câmara. E em Belmonte, Zeca Afonso andou na escola, num perído em que viveu longe dos pais. Um passado agora recordado num largo que já tinha o seu nome.
“Agora ele já está no largo dele. A única diferença é que está lá o boneco” diz Fausto Marques, que é o comerciante mais antigo daquela zona da vila. E que revela que, diariamente, há turistas que mostram curiosidade em ver ali o Zeca. Já para alguns populares, um lamento: ficou a estátua, mas saiu dali um pequeno banco onde alguns idosos gostavam de se sentar aproveitando a sombra de uma árvore sob a qual está agora Zeca.
Recorde-se que no passado dia 2, a autarquia assinalou o aniversário de Zeca Afonso, que caso fosse vivo completaria 91 anos, com o descerramento de uma estátua em tamanho real do autor. O presidente da Câmara, António Dias Rocha, destaca esta passagem na formação do músico e homem. “Estávamos nos finais dos anos 30, os pais estavam em Moçambique, e ele vivia aqui com o tio, um homem do Estado Novo. Viveu entre a rigidez familiar e a alegria do povo de Belmonte, e quero acreditar que muito do seu humanismo advém desta convivência entre nós, desta liberdade que aqui sentiu quando estava a formar a personalidade do grande homem que viria a ser. É para assinalar e perpetuar a sua passagem entre nós que hoje erguemos este espaço de memória.”