Se atirarmos pedras a alguém é crime? Depende. Se estivermos em 1987 durante a Primeira Intifada é tida como uma manifestação de protesto, que surge na sequência de acções violentas de soldados israelitas contra civis palestinianos. Este movimento de revolta demorou seis anos, teve o trágico resultado de centenas de mortos, entre os quais muitos jovens e crianças, foi de facto a primeira guerra a opor Gaza e Cisjordânia a Israel, suspensa com um aperto de mão entre Arafat e Rabin. E como o mundo se recorda, lhes valeu um polémico Nobel da Paz, partilhado com Shimon Peres, e que fez correr muita tinta. Bem diferente da que escorre pelas lapelas de alguns membros do governo socialista, com quem um grupo de jovens raparigas decidiu jogar paintball, numa concertada acção de tentativa de engraçadismo, e da vontade de obrigar os dirigentes políticos a fazerem mudanças no seu guarda-roupa. E antes de mais um ataque à liberdade. De pensamento, de expressão, de representação. O da Liberdade. É o meu lado. Escolher a Liberdade, é tomar partido. Nunca como agora foi tão importante não ter medo. Lutar por convicções, por tentarmos ser livres e vivermos em paz.
O GESTO
As declarações do Secretário Geral das Nações Unidas tão criticadas e tão polemizadas pelo momento sensível e crítico, serão, estou certo, lembradas na história como um enorme gesto de nobreza de carácter e de coragem de António Guterres. O mesmo que em 2001 se demitiu do cargo de primeiro-ministro após uma derrota nas eleições autárquicas, com base no argumento de que pretendia evitar um pântano político. Foi acusado de cobarde, mas como a história nos ajudou a dissipar, o pântano a que se referia era um determinado jogo de interesses económicos em que a política se tornara, em que o seu partido participava, e que Guterres se recusou a jogar. Hoje de novo, ao olhar olhos nos olhos de uma certa prepotência, revela estar do lado bom e sensato da história, como deve estar alguém com a sua responsabilidade, do lado da Liberdade. De pensamento, de expressão.
SEM PALAS
Ao escrever desta forma, estou a usar a liberdade de imprensa que, como qualquer direito, dá-me o poder de não a utilizar. Está consagrado na Declaração Universal como a garantia do acesso à informação, e de a poder divulgar através dos meios de comunicação. Ou não. Prefiro fazê-lo. Devemos escolher. E é a hora. No ranking da liberdade de imprensa, Portugal era no ano passado o sétimo país com mais liberdade de imprensa. A Rússia ocupava o lugar 155 e a China o 175. Com ligação directa, a liberdade de expressão é o direito de qualquer um se manifestar através do pensamento, a possibilidade de emitirmos e expressarmos opiniões e ideias, e de comunicarmos, sem interferência externa ou eventual retaliação. É também para tal, que meios como o Notícias da Covilhã existem.