O MELHOR ONZE

É este o tipo de equipa que escolhemos para representar Portugal? E por quais torcemos, pelos agentes de “segurança” ou pelos “soldados da paz”?

O título induz em erro. É, poderia de facto tratar-se de uma crónica sobre futebol, mas também há aqui muito jogo colectivo. 10 militares da GNR e um agente da PSP, formaram equipa em Beja, no Alentejo. 11 Bombeiros do Fundão actuaram em conjunto na Beira Baixa. Estes são os melhores “onze” que Portugal tem para oferecer? É fruto da melhor casta nacional? É este o tipo de equipa que escolhemos para representar Portugal? E por quais torcemos, pelos agentes de “segurança” ou pelos “soldados da paz”? Imigrantes vivendo como escravos, ou a destruição de uma jovem vida por uma cena nojenta. No campeonato do ser Bom Português, qual o melhor onze? Mas caramba, não dispersemos a atenção para coisas de somenos, se o país mediático está totalmente focado no que interessa. As eleições! Há meses que assim é. Depois das legislativas, das autárquicas, chegou a vez das presidenciais.

Agora na corrida para Belém, entre as dezenas de manifestações de interesse em ser candidato, entre os que eram candidatos e deixaram de o ser, e entre os que ainda não conseguiram as suficientes assinaturas, mais de meia dúzia foi colocada no púlpito dos merecedores a quase uma triste trintena do que se convencionou chamar de debates. Com direito a antevisão da contenda, e a avaliação final.  Com a chamada dos especialistas para doutas opiniões. Antes e depois. Como nos jogos de futebol. Há até “flash-interview” à saída do estúdio. Mirem-se no exemplo dos candidatos à presidência da república. Reparem, estamos apenas   em pré-campanha, já se realizaram bastas conversas entre tantos, todos os dias assistimos a um corrupio (actividade muito intensa) atrás dos “mais credíveis”, as rotundas das cidades que como sabemos são às centenas, começam a apresentar um novo quadro expositório de outdoors com os retratos de cada um, e na verdade, os portugueses assistem a tudo como dantes. Não há entre os “titulares” alguém que se destaque pela ousadia, pelo golpe de asa, pelo pensamento claro sobre o que seria Portugal no mundo, com a sua presença em Belém. O que temos assistido é a uma “mesmice” pegada, uma deprimente carência de evolução no discurso de cada um, um alarde quase constante sobre   as qualidades pessoais, um auto-cuidado excessivo, em alguns casos roçando a arrogância. A avaliar pela falta de clareza nas mensagens, pelo excesso de mediatismo, não tarda os portugueses estão fartos, não aguentam mais. Parece que uns demonstram um medo incrível de perder um apoiante que seja, outros marimbam-se, perdoem a informalidade da expressão, para quem vai votar, e há ainda um que não quer perceber que educação, diplomacia, ponderação, equilíbrio, capacidade para construir pontes, facilidade em estabelecer consensos, são imperativos para se ser Presidente. Por muitas expectativas que criemos a partir das projecções elaboradas para o debate que se segue, elas acabam quase sempre goradas pelo vazio dos conteúdos, por uma sucessão de ataques pessoais, e por meia-hora de coisa nenhuma. Um país banal, desumano, sem ética, comodamente sentado em cima de um retrocesso civilizacional. Peço desculpa pelo populismo inscrito no texto, estou só a pagar na mesma moeda.

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