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O planeta Titanic

A.Pinto Pires

Subitamente, de novo amedrontados pelo novo surto covid ómicron, quando tudo fazia crer que se ia acentuar o debate à volta da cimeira de Glasgow, abateu-se um enorme silêncio sobre a mesma, agravada pelo chumbo orçamental conducente ao atual quadro político que estamos a atravessar.

A aldeia global não pode continuar a fazer ouvidos de mercado procurando esquivar-nos do iceberg da nossa inconsciência, esquecendo ou procurando, se não forem tomadas medidas imediatas, esta tripulação, deste mesmo planeta, pode contar com consequências imprevisíveis cujas abrangências não são assim tão difíceis de perceber.

Encontrar um denominador comum para os 197 países subscritores do documento não constituiu tarefa fácil quando se constata, e talvez fosse esse o problema essencial, a inexistência de instituições governamentais adequadas para a resolução dos problemas globais, sejam eles a emergência climática e a pandémica. Em suma, caras de uma mesma moeda com reflexo na saúde global do planeta.

Martinez Linares, doutor em física quântica, um cientista embrenhado em projetos sociais e ambientais, colaborador muito próximo de Al Gore, profundo conhecedor das mudanças climáticas, lança vários alertas interrogadores duma cimeira que ombreou com a de Paris.

É fácil tecer um diagnóstico sucinto perante os resultados demais evidentes tais como a emissão de 5.5 Tn de CO2 anuais por habitante; sendo a população mundial de 7.800 milhões, o que representa 42.000 milhões de toneladas de CO2, eis a nossa quota de corresponsabilização no problema.

Que fazer perante um quadro desta dimensão? Obviamente começar pela alteração dos nossos procedimentos. Como consumidores, ao eleger um qualquer produto para consumo, ter a certeza comprovada dos danos que pode ocasionar no planeta. Como votantes, e a questão também passa pela decisão política, ao escolher os nossos representantes, conhecer em profundidade os planos que os mesmos têm para a defesa do planeta. Convém não esquecer os exemplos de má memória, seja de Trump ou Bolsonaro. E ainda, ser detentores do fator consciência em que cada um de nós, seja um agente de transformação ambiental.

O “homo sapiens”, sendo um animal de hábitos e imitações, o fator publicidade contribui para isso, refletindo-se sobretudo nos nossos hábitos de vida, acabando por ser contagiosos. Daí, e cada vez mais, a importância do fator reciclagem; a utilização dos transportes públicos; a aquisição de viaturas elétricas, não obstante as reservas; a própria mudança dos nossos hábitos alimentares, tais como o consumo exacerbado de carne e outros aspetos do sector agroalimentar geradores de 26% das emissões a nível global.

Segundo os ritmos adquiridos, e os planos nacionais de redução apresentados é quase certo que vamos ultrapassar o umbral crítico de Paris, cuja meta era a redução para 1,5ºC, sendo mais que certo iremos chegar aos 2,7ºC. Preocupante!

Ainda segundo Al Gore já ultrapassámos a época das advertências para estarmos já no âmbito das consequências. E os dados estão aí à vista de todos; os fenómenos meteorológicos extremos, as inundações, os devastadores incêndios, os furacões, os vírus e suas mutações.

Já se imaginou o que é chegar aos 2,7ºC de sobreaquecimento global continuando a ignorar as medidas necessárias a tomar para o evitar?

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