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O que diz Otero

Este "oh tempo volta para trás" fica ainda mais evidente quando ouvimos pérolas como as que saem da boca do revisionista Otero

Vamos lá ver. Por estes dias ouvi uma entrevista na TSF ao Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General Cartaxo Alves em que o líder militar começava quase todas as respostas por “vamos lá ver”, como quem diz “tenho de vos explicar tudo bem explicadinho” porque me parece que de Forças Armadas e da sua importância para o pais, os portugueses estão “a leste”. Este foi o tom com que o senhor general fez a apologia da sua Força Aérea, como uma das melhores e mais bem apetrechadas do mundo, e que é fundamental que o Estado olhe para ela, e a bem dizer para todas as Armas, com mais interesse, e naturalmente mais investimento, numa perspectiva clara e objectiva de que Portugal necessita de poder militar e de capacidade defensiva.

Na verdade, este tem sido o tom com que ultimamente os chefes militares têm vindo a terreiro mostrar o inadmissível estado a que “isto chegou” com a redução de efectivos. Seja porque no caso da Força Aérea partem para outros voos mais rentáveis, seja porque há pouco interesse dos jovens em seguirem uma carreira no Exército ou na Armada. Que melhores condições para colocar no debate o regresso do Serviço Militar Obrigatório? A que se junta a força da ideia de que o mundo está perigoso e blá, blá, blá… achas para a fogueira de um claro retrocesso.

Ora, este “oh tempo volta para trás” fica ainda mais evidente quando ouvimos pérolas como as que saem da boca do revisionista Otero; “não é possível a instituição do casamento como vínculo jurídico entre pessoas de sexo diferente possa ter cobertura para uma realidade diferente”, ou por exemplo; “o papel da mulher é de tentar o que é mais difícil: conciliar o papel enquanto membro da família e dentro da sociedade” ou melhor ainda, “o estatuto da mulher enquanto dona de casa está desvalorizado e que o trabalho é diferente entre um homem e uma mulher”. Vamos lá ver, Paulo Otero como co-coordenador e um dos vinte e dois autores do Manifesto Identidade e Família pretende, tal como o grande apresentador da obra, travar todos os avanços civilizacionais que Portugal, como parte de uma Europa moderna e de um mundo em constante mudança, registou nas últimas décadas. E, aproveitando o ambiente extremista e populista que se vive entre nós, sugestionar o governo e a virtualidade de uma maioria “paralamentar” para a construção de um novo império com o “trumpista” lema de Fazer de Portugal Grande de Novo! Homens nas trincheiras empunhando armas e as suas dedicadas mulheres em casa esperando por eles, enquanto passam a roupa a ferro e dão de mamar à prole familiar.       Viva Portugal!

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