A eleição do doutor Diogo Pacheco D’Amorim
Era essa a manchete do NC. Apenas com um título a letras gordas e um texto de seis linhas, a letras de dimensão considerável, onde se criticava a “vergonhosa abstenção do eleitorado da cidade da Covilhã” na eleição de Diogo Pacheco ‘Amorim como deputado pela Covilhã. Felicitando o Centro Católico Português, do qual fazia parte, por esta eleição. O NC critica ainda o “cambalacho” que houvera no concelho vizinho de Belmonte, onde “elementos radicais”, para “beneficiarem os seus candidatos”, “descarregaram em quem quiseram e apenas deram um voto a Diogo Pacheco D’Amorim, eleito com 1766 votos.
– O fecho do “A Democracia” e o aviso aos assinantes
Também há 103 anos atrás, o NC, ao surgir sob esse título, deixava para trás os seus seis anos de existência como “A Democracia” e avisava os seus assinantes desse facto. “A todos os assinantes do antigo semanário “A Democracia”, suspensa em Fevereiro do corrente, rogamos a gentileza de continuarem a honrar-nos com o favor da sua assinatura e com o apoio moral para prosseguirmos a nossa missão espinhosa e difícil que há longos anos nos propusemos nesta arena”, onde “pessoalmente não temos lucrado mais do que desgostos e injustiças de espécies várias”. Mais à frente, o NC propunha-se a defender, “como covilhanenses, o bem-estar material, social e moral da nossa terra e da nossa região”, engrandecer a indústria, ajudar a “todas as classes”, em especial a operária.
– O primeiro Núncio do Presidente da República
A foto em destaque na primeira página do NC era de Monsenhor Locatelli, arcebispo de Thessalonica, nomeado o primeiro Núncio da Santa Sé, a seguir a 5 de Outubro de 1910, junto do Presidente da República
-Os bairros operários sociais
Nesta edição, o Notícias dava também conta da aprovação por parte do ministro do Trabalho, para os trabalhos “preliminares” de construção de bairros sociais operários, “pondo desde já à ordem para esse fim a cifra avultada de 400 contos de réis”.
– As cozinhas económicas
Relatava também o semanário que o mesmo ministro, Jorge Nunes, tinha mandado para a cidade “cinco contos” para assistência pública e “dois contos” para as cantinas escolares, “prometendo mais cinco contos para o mês próximo destinados a cozinhas económicas”, divulgando que o dinheiro seria administrado por “dois industriais”, António Ferreira Copeiro e João dos Santos Marques, dois operários e o administrador do concelho
– A crise na indústria
Também fazia eco nas páginas do NC de 18 de Maio de 1919 a crise por que passava a indústria na cidade, “que vem torturando e denegrindo a vida dos centros fabris”. É então criada uma comissão de combate à crise, constituída por produtores de lã, negociantes, armazenistas e industriais, para tomar conta do sector. Em última hora, o NC anuncia a criação de dois armazéns gerais de fiação e tecidos, um no Porto e outro na Covilhã.
A publicidade que se fazia
As duas páginas centrais desta edição, de apenas quatro páginas, eram praticamente ocupadas, em toda a sua mancha, por publicidade.
– A agência com seguros contra “tumultos populares”
Desde a tipografia “Comércio e indústria”, na rua Comendador Mendes Veiga, de quem era proprietário Joaquim Mendes Cardona, ou à companhia de seguros “Tagus”, de Alfredo Batista, que tinha seguros “contra greves, tumultos populares, perturbações civis e militares”, eram vários os anúncios que se podiam encontrar
– Ferro, cimento, cal, adubos, enxofres e lã
O peso que tinha a indústria transformadora na cidade está bem presente em pequenos anúncios em que se vende desde lã, a enxofre, cal, cimento ou ferro para obras
– O melhor remédio para as frieiras
Pela módica quantia de 400 réis, era anunciado o miraculoso remédio para as frieiras, “essa terrível impertinência que o fio provoca”, chamado “Bálsamo Santo”, que fazia as mesmas “murcharem” muito rapidamente
– Os excepcionais preços da Casa Leão
Mítica casa da cidade, localizada no Centro Histórico, e aberta até há bem pouco tempo, a Casa Leão também vem publicitada neste primeiro número do NC, avisando-se os covilhanenses de que não deveriam fazer “de qualquer artigo aquisição” sem ver “os execpcionnaes preços da Casa do Leão”-
– Os armazéns do Chiado
Um dos anúncios que mais espaço ocupava dava conta da “inauguração da abertura da estação de Verão” nos armazéns do Chiado, em Lisboa
-Os advogados e médicos que havia
Também neste NC já havia algum espaço para profissões liberais, neste caso, médicos e advogados. Na cidade, como médicos, anunciavam Álvaro Catalão, Aníbal Alçada e Aristides Barros, e nos advogados, Lino Freire e Américo Bernardo e Cunha