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“O que nos move”

Teresa Correia

(Professora)

A luta dos professores é antiga, pois sucessivos governos têm sido incapazes de reconhecer condignamente uma profissão que é tida como essencial à evolução das
sociedades em todo o mundo.
A recusa em reconhecer a contagem integral do tempo de serviço constitui uma das injustiças que assola a classe docente, mas não é a única. A incapacidade do ministro em negociar com os sindicatos e as declarações públicas do primeiro-ministro afastam toda uma classe daqueles que deveriam ser os primeiros a defender a escola pública, pois a educação é uma complexa engrenagem que conta muito com a boa vontade das escolas e das suas estruturas, já que os recursos são escassos quando se trata de implementar mudanças no sistema.
Ao professor exige-se que trate com justiça e equidade cada um dos seus alunos, que ensine e forme cidadãos ativos. E bem. Contudo, acresce a isto uma burocracia que inibe a preparação atempada das aulas e a concretização de projetos na escola, um regime de avaliação que não permite uma progressão justa na carreira, remunerações baixas, concursos que não respondem às reais necessidades do país, instabilidade todos os anos renovada. Aos professores exige-se muito e reconhece-se pouco.
Assim, quando o ministro afirma que a formação de um professor se faz em dois anos, está conscientemente a desvalorizar uma carreira e uns milhares de professores que todos os dias se confrontam com inúmeras dificuldades e que já não esperam respeito nem reconhecimento por parte da tutela. Em vez disso, mais uma vez, sentem-se desvalorizados e menorizados, tal como quando foram convidados a emigrar. Como tal, só nos resta protestar, e a greve continua a ser o meio democraticamente legitimado para tal, embora cientes de todos os constrangimentos que daí advêm.

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