A zona da Quinta Branca, na freguesia da Boidobra, Covilhã, há alguns meses que anda em reboliço. Há muitas vezes pó no ar, sinal de trabalho das máquinas de terraplanagem que há já algum tempo preparam o terreno para a criação de quintas solares avaliadas em milhões de euros. “Dessa zona, ainda não temos informações concretas, mas vão chegando algumas coisas, e o que posso dizer, é que não se pode, ou não se devia ter manchas contínuas de painéis” diz Graça Passos, da Quercus de Castelo Branco, que critica a forma como têm sido criadas, não só na região, como no País, centrais de painéis fotovoltaicos.
Há cerca de dois meses, a Prosolia Energy anunciava, na sua página institucional, o “iminente início da construção de um novo parque solar fotovoltaico de 43 megawatts (MW) em Boidobra, Portugal.” A Prosolia, empresa espanhola, frisava que ia incluir esta solução renovável nos seus activos operacionais, fazendo parte da carteira de 300 MW de projectos de “escala de utilidade pública” do produtor independente de energia.
Segundo a imprensa nacional da especialidade, a Forbes, a Prosolia assegurara um financiamento de 25 milhões de euros junto do Bankinter para avançar para a construção de dois novos parques fotovoltaicos em Portugal, com capacidade conjunta de 51 MW, um deles na Boidobra (43 MW) e outro em Palmela (8 MW). Em Portugal, a Prosolia tem aprovado, em conjunto com a Ibedrola, a construção do maior parque solar da Europa, de 120 MW, a ser instalado em Santiago do Cacém.
“Investimento muito relevante para o concelho”
Questionada sobre os movimentos de terra que estão a decorrer bem atrás do “cubo” da Altice, a Câmara da Covilhã esclareceu o NC de que aprovou “um projeto de produção de eletroprodutos fotovoltaicos, situado na Quinta Branca, à empresa Ewe Up, Unipessoal Lda, num valor a rondar os 8,5 milhões de euros”. Segundo a autarquia, a obra tem espaço de realização temporal de 18 meses e o investimento é, entre outros que se irão realizar, “muito relevante para o nosso concelho, sendo que o projeto está em realização muito efetiva”. A Câmara adianta ainda que “esta horta” é constituída por “77 mil painéis que irão produzir 12 mil MW e tem por objetivo criar energia para vender às unidades que vão introduzir essa energia na rede doméstica”.
“O que acontece é que as empresas apresentam os projetos à Secretaria de Estado da Energia, que os autoriza em todo o lado. E depois, as autarquias colocam onde querem, sem critério. O plano e ordenamento dessas centrais não existe, não está a acontecer” assegura Graça Passos, que frisa que a falta de ordenamento é a grande preocupação do momento. “A falta de noção do que é o bem comum é grande e o poder político deveria ter essa noção. Mas não tem” critica.
(Artigo completo na edição papel/PDF do NC)
