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O visionário

Alguém com visão e imaginação incomuns. Aquele cujas ideias ou projetos são impraticáveis. Sonhador.”

 

António Champallimaud, Salvador Caetano ou Rui Nabeiro. Três homens, três líderes, três empresários que podem facilmente enquadrar-se na categoria daqueles que olhando para além do óbvio, materializaram os seus sonhos na construção de impérios humanos. Apenas Champallimaud nasceu em “berço de ouro”, Caetano e Nabeiro, de origens humildes, não estudaram para trabalhar. O seu legado sem belisco, está no nosso quotidiano. Coisas de uma tal dimensão que mudaram sociedades, transformando a vida de comunidades inteiras, mexendo com o desenvolvimento económico e social do país, e extravasando do negócio pessoal ou familiar. Não se contam pelos dedos, há muitos exemplos de gente como esta, que mudou onde tocou, tal como Midas, rei da Frígia. Temos, tem o país, em outras áreas como a Ciência por exemplo, personalidades que quase diariamente “tocam” o futuro, estudando-o e propondo mudá-lo, pelo menos sonhá-lo. Disso não nos podemos queixar, pelo contrário devemos dar vivas, demonstrá-lo com vigor.

Esta reflexão entronca na percepção, pessoal, de que os habitantes deste pedaço de terra que habitamos e interpretamos, são baleados minuto a minuto pela actividade política, pelos movimentos constantes dos seus intérpretes, que pouco ou nada têm de visionários. É isso, perguntem a cada um de nós, que “vestes enverga” o político com visão de futuro cá do burgo. Nas últimas décadas. Se perguntarmos mesmo, e se os portugueses se puserem a pensar, talvez um, talvez dois, nomes saídos da boca de quem se atrever na resposta. Personagens da nossa contemporaneidade que viam para além das linhas traçadas. Uns dirão sem pestanejar Mário Soares, naturalmente, outros “esboçam” a figura de Sá Carneiro. Soares pensou o seu país, o seu legado é inequívoco quando nos percebemos europeus, e Sá Carneiro ousava, parecendo saber do que o país precisaria para ser o que não é hoje. Isso mesmo, esta reflexão encontra ainda ignição, quando percebemos que sucessivamente, a cada nova situação política, e a cada oposição que surge, somos “bafejados” por executantes da função, amantes da “trica”, que não tendo tempo, disponibilidade ou mesmo vontade, se limitam a atirar-nos “pó para a cara”, sem um golpe de asa, muito menos uma visão concreta para um Portugal de futuro. Substituições em catadupa, medidas avulsas para o imediato, e zero ideias para mudar o país. De verdade. E passe o exagero, andamos nisto há 50 anos. Não fora a Europa…

 

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