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“Olhares sobre a Covilhã”: obras prioritárias e não prioritárias

António Rodrigues de Assunção

Professor

No meu regresso a este jornal centenário, a minha pretensão maior, pelo menos nos tempos mais próximos, é lançar olhares, atentos, críticos e, na medida do possível, propositivos, sobre a realidade da nossa cidade/concelho, numa conjuntura que se avizinha eleitoral, dado que teremos no próximo ano eleições autárquicas. Não escondo que essas eleições assumirão relevo especial, pois em causa estará muito do nosso futuro. Só espero que as candidaturas que vão surgir se compenetrem dessa importância e direccionem os seus esforços, estudos e projectos para os interesses do concelho, pondo para trás das costas rivalidades e até quezílias de “egos”, coisas que, derivando do foro das subjectividades, para não dizer vaidades, só podem ser prejudiciais à prossecução daqueles imperativos maiores.

Elegi para este meu primeiro artigo algumas considerações sobre uma obra que está em curso na Avenida da Universidade. A Câmara assinala que aquela avenida principia na “Rotunda do Hotel Santa Eufémia” e termina nos semáforos da Rotunda do Rato, junto da UBI. Seja-me permitida aqui uma observação: acho impróprio designar, no caso esta Rotunda, como sendo a Rotunda de um Hotel. Como todos sabemos, aquela Rotunda é onde tem início a Alameda Pêro da Covilhã. Acho de mau gosto. Por que não “Rotunda Pêro da Covilhã”?

O objectivo desta obra é a requalificação da referida via, caraterizada pelo seu muito tráfego e piso degradado. Seu custo: 250 mil euros. Para além da intervenção no piso, realmente necessária, estão previstas também algumas intervenções nos passeios. De facto, em largos troços, os espaços para as pessoas são muito estreitos e, em alguns casos, encontram-se degradados. Por aqui, não me parece despropositada esta obra. Porém, as críticas surgiram em catadupa, algumas, sem dúvida, pertinentes e dignas de consideração. A crítica mais consistente consistiu em dizer que esta obra de requalificação não é prioritária, até porque outras obras, e não só no sector viário, são merecedoras de outra atenção e prioridade. Diz-se, e com razão, que não se avançou para a construção ou aproveitamento de edifícios para estabelecimentos de creches, de que a cidade está muito carente. E mesmo no que concerne a ruas e avenidas, outras há, e os respectivos passeios pedonais, merecedoras de prioritária atenção, o que é uma realidade muito evidente.

A Avenida da Universidade é, na verdade, importante, sendo uma via estratégica para a entrada e saída da cidade, ligando esta à A23, rumo à Guarda e a Castelo Branco, e daqui para Coimbra. Quanto aos passeios pedonais acusa-se o dono da obra de, com o seu alargamento, se  diminuírem os lugares para estacionamento. É possível ver aqui alguma razão. Mas é preciso também levar em conta as pessoas, que em alguns troços muito têm que se encolher para se protegerem do trânsito e, no Inverno, para não “levarem” com algumas chapadas de água. Hoje em dia, a construção/reconstrução de uma cidade exige que esta não o seja apenas em função dos automóveis, mas, em primeiro lugar, para as pessoas, ou, pelo menos, um pouco mais para as pessoas…

Requalificar ruas e avenidas é imperioso, não esquecendo a requalificação das estruturas da pedonalidade. Uma boa mobilidade agradece.

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