Os vereadores da oposição na Câmara de Manteigas (PS e PSD) alertaram, numa das últimas reuniões do executivo, para a “pressão de visitação” do bosque das Faias, em Manteigas, que no passado mês de novembro recebeu milhares de turistas, de norte a sul do País. Segundo o socialista Tomé Branco, este fluxo turístico pode por em causa a preservação ambiental daquele lugar.
“O PS tem um plano para diminuir a pressão de visitação turística às Faias. Não prevê a diminuição da sua divulgação, mas de visitação, com a promoção, pelos turistas, de outras folhosas também aqui existentes. E também prevê planos para grupos, para evitar grandes aglomerações” disse o vereador.
Já pelo PSD, Nuno Soares disse não concordar com a forma como as Faias estão a ser utilizadas. “Deixo claro que, comigo, os concertos que lá aconteceram não teriam lugar. Devemos vender o produto o mais natural possível, pois é a natureza que tem permitido a Manteigas viver” frisa o vereador, que diz que as Faias estão “demasiado pressionadas” e que existem no concelho outros locais “encantadores”. “Devemos diversificar o produto e o espaço, e não concentrar nas Faias. Há já quem diga que parece um centro comercial, que parece o Colombo num domingo à tarde. Devemos manter a nossa galinha dos ovos de ouro” vinca o autarca social-democrata.
O presidente da autarquia, Flávio Massano (Manteigas 2030) lembra que as Faias são “um espaço de todos, um baldio” em que as pessoas “entram e saem quando querem”, mas garante que a Câmara promoveu no mês de maior visitação o “espaçamento”, com a promoção de caminhadas em grupos restritos. “É o que estamos a fazer. Agora, os particulares que vêm por sua conta e risco, não temos legitimidade para os impedir. O que podemos fazer é sensibilizar” afirma. O autarca diz que este cartaz tem sido uma aposta do município, tal como outros, como o Poço do Inferno, mas que as Faias atingiram “dimensão pública” face ao “passa a palavra” que atrai cada vez mais gente. “Nós não as queremos pressionar, e por isso, a divulgação de outros locais será feita. Quem nos dera ter outros locais com tanta visitação como as Faias” afirma.
Flávio Massano discorda que se esteja a por em causa a natureza e que o que está a acontecer “não é uso abusivo, massificação. O turismo de natureza é muitas vezes superior em outros locais da Europa. Estamos a procurar problemas onde eles não existem. É um não-tema. É um espaço que não vai ser danificado” garante o autarca que, contudo, diz estar atento à utilização do local por adeptos do todo-o-terreno. “Isso é que já não pode acontecer” afirma.