Megalómano, irrealista, sem nada de novo. Foram estas algumas das expressões usadas pelas bancadas da oposição (PSD e CDU) na Assembleia Municipal de Belmonte, na aprovação, por maioria, do plano e orçamento da Câmara de Belmonte para 2024, no passado dia 21 de dezembro.
O “maior orçamento de sempre”, segundo o presidente da autarquia, António Dias Rocha, sobe dos 14 para os 17 milhões de euros e tem como prioridades, entre outras, a criação da nova área empresarial situada perto de Maçaínhas, um novo espaço de coworking que surgirá no piso térreo do Espaço do Cidadão (que está demolido) e temática da habitação, um problema “grave” no concelho, segundo o autarca.
Para os deputados da oposição (documento foi aprovado pela maioria PS e com abstenção da deputada da CDU e deputados do PSD), um plano que não revela “estratégia de desenvolvimento”.
António Cardoso Marques, líder da bancada do PSD, considera que no orçamento para 2024 não se vislumbra uma “mudança de estratégia no concelho”. Um documento que persiste em recuperar “um projeto que não faz falta e que agora tem uma nova roupagem”, aludindo à nova área empresarial localizada em Maçaínhas. Segundo o eleito “laranja”, há “dúvidas” sobre o realismo do mesmo, o plano “não aponta perspetivas de desenvolvimento” e demonstra que, “em um ou dois anos, pouco foi realizado”. Um documento que mereceu a abstenção da bancada, e não o voto desfavorável, por no mesmo estarem incluídas obras com candidaturas ao Portugal 2030, “o que dá alguma esperança” frisa António Cardoso Marques.
Pelo mesmo partido, Acácio Dias afirma que “estão sempre elencadas as mesmas prioridades, ano após ano”, mas que, nos últimos anos, pouco tem sido feito. “Que obras nos vêm à memória” pergunta o deputado social-democrata, que diz ainda que o município “não tem capacidade de gerar receitas que lhe permitam um desenvolvimento sustentado”. Já Tiago Gaspar considera o plano e orçamento “megalómano”.
Pela CDU, a única deputada eleita, Rosa Coutinho, também se absteve dizendo que este é um documento que “fica muito aquém” do necessário, e que “não avança como deveria” em algumas áreas, como a habitação, o apoio às freguesias e aos jovens, entre outros.
Luís António Almeida, deputado do PS, justificou o voto favorável por considerar que o documento define “de forma realista, objetiva e exequível a estratégia municipal para o próximo ano sustentado num conjunto de ações, medidas e projetos ajustados aos desafios” que se avizinham.
Caria diz-se esquecida
Uma das vozes mais críticas foi a do presidente da Junta de Freguesia de Caria, Silvério Quelhas, que acusou o executivo camarário de “esquecer” Caria neste documento. O autarca diz que não foi tido em conta um alegado pré-acordo para o aumento do valor da transferência de competências para 2024, para cerca de 200 mil euros. E disse que em janeiro, na primeira semana, um conjunto de residentes, na sua companhia, querem ser recebidos na Câmara, para reunir com António Dias Rocha.
O presidente da autarquia refutou as críticas, negou ter negociado com a freguesia “o que quer que seja” e desafiou Silvério Quelhas a, caso não esteja contente com as verbas da transferência de competências, renunciar às mesmas, devolvendo o trabalho que está implícito nas mesmas à Câmara. “Acredito que o senhor seja sério, mas não é mais que eu. Não tenho que negociar nada consigo” disse. E garantiu que, uma das obras reclamadas, o novo jardim público da vila, será executado. “É para ser feito em 2024” disse.