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Oriental de S.Martinho: 69 anos de história

Coletividade, “que respira saúde”, tem atualmente cerca de 600 sócios

“Isto nasceu de uns meninos que queriam jogar à bola e não tinham espaço para isso, nem tinham como formalizar essa vontade e esse desejo, então decidiram criar um grupo e nasceu o chamado GOLO – Grupo Oriental Liga Operária”, diz o presidente, Francisco Mota, sobre os primórdios do CCD Oriental de São Martinho.

A transição para CCD Oriental de S. Martinho dá-se com a afiliação da associação à antiga FNAT, hoje Fundação INATEL, a 29 de julho de 1954, há 69 anos.

O futebol era a atividade-chave da coletividade, que teve logo “um enorme sucesso”, segundo o presidente. “Depois forma-se o Rancho Folclórico do Oriental, que traz as senhoras. Portanto, houve aqui uma vontade de chamar o sexo oposto para vir também pertencer ao Oriental de S. Martinho”. A adesão e o sucesso ao Rancho “foi grande”.

Outras ofertas se seguiram, desde o voleibol até atividades para os mais novos, como a Hora do Estudo ou a Maltinha do AEIOU, “que trabalhava com crianças a nível desportivo”. Atletismo, Grupo Coral Infantil, grupo de música tradicional “Trovas ao Luar” e marchas populares fazem parte da oferta a partir dos anos 80.

“Tivemos uma discoteca numa arrecadação, tínhamos a rádio ao vivo, era tudo muito engraçado nessa altura”, afirma Cristina Santos, 59 anos. Cristina, sócia há cerca de 40 anos, conta que a ligação ao clube começou por influência do seu pai, que já era sócio e tinha uma oficina de carros perto da coletividade. No entanto, apenas se tornou sócia aos 19 anos. “Como já era maior de idade, achei que devia fazer parte desta coletividade, inscrevi-me no ténis de mesa e fiz-me sócia”, explica.

Também Orlando Matos, 56 anos, “desde novinho” que frequenta o Oriental. “Existia o bairrismo, vivíamos todos aqui e então era a casa onde vínhamos brincar”, recorda. Orlando considera o Oriental como a segunda casa da sua infância. “Era a nossa segunda casa, fomos aqui todos criados e depois a acompanhar os vizinhos, os amigos, acabávamos logo por ficar familiarizados com o clube”, diz.

O sentimento de “segunda casa” é partilhado por Pedro Ferreira, sócio número 367. “Sou sócio desde criança. Resido aqui perto e, portanto, o Oriental é a minha segunda casa”, afirma.

Andebol, em parceria com a Associação Académica da UBI, pool português, boxe, xadrez, damas, ensino de guitarra, marchas populares, são algumas das atividades que o Oriental S. Martinho tem atualmente.

Desde 2009, e considerado por Francisco Mota como “um ponto de viragem”, o Oriental tem no seu programa de atividades o teatro musical. “Era uma área que não havia na cidade. Descobrimos uma atividade que mais ninguém fazia e, portanto, conseguimos, se calhar, colmatar ali um vazio que havia nessa oferta cultural”, refere.

Para Mota, a aposta em atividades que levam os jovens às agremiações é uma forma de “rejuvenescimento” das mesmas. “Eu acho que quando as associações oferecem aos jovens atividades que eles querem, elas passam a tê-los a frequentar as suas sedes e as suas atividades”, opina, acrescentando que “se não, podemos correr todos o risco de que não haja um rejuvenescimento que deve haver para dar continuidade a este tipo de associações”.

“Quando dizemos que o associativismo não é aquilo que foi há 20 ou 30 anos, tem muito que ver também com a própria mudança das pessoas. A pessoa vinha à associação porque vinha ler o jornal, ver televisão, tomar café e, portanto, isso alterou-se completamente”, afirma Francisco Mota. O “maior desafio”, segundo o dirigente associativo, é, “apesar de sabermos que as pessoas têm tudo isso, como é que ainda podemos desafiá-las a virem para as associações”.

Segundo Cristina Santos, o Oriental, “em todo o ano”, é mais frequentado pelos estudantes, sendo que, por altura do verão, “são os sócios mais antigos” que mais visitam o espaço. “Há cada vez menos sócios, alguns falecem, outros afastaram-se daqui, outros estão em lares, a malta nova foi viver para fora da cidade. Vão continuando alguns, mas a maioria já partiu e então os mais velhos são cada vez menos”, conta.

Com o mandato prestes a terminar e sem recandidatura, Francisco Mota faz um balanço “positivo” do seu trabalho enquanto presidente da direção. “Faço uma análise muito positiva dos meus mandatos e sei que fiz aquilo que queria, o melhor que pude e que sabia”, reflete.

Apesar de ser o seu último mandato, o dirigente vai continuar ligado à associação: “eu saio de presidente do Oriental, não saio do Oriental. Nunca sairei do Oriental” e deixa as portas abertas para continuar a trabalhar nas marchas e musicais.

“Se as direções que vierem quiserem o meu contributo para as atividades que sabem que eu faço com mais empenho e que são a minha área, como os musicais, como as marchas, pois continuarei sempre a servir o Oriental da mesma forma como servi enquanto presidente. Eu já o servia antes de ser presidente, portanto, é uma continuação”, sublinha.

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