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Os chicos

“Se sairmos do futebol de elite, e visitarmos escalões etários mais baixos, facilmente damos de caras com dezenas destes "chiquitos"

Se ele tivesse dois pés esquerdos, uma atitude mais cativante, e olhasse para o jogo de forma cerebral, poderia na verdade tratar-se de um futebolista de excepção. Mas lá está, se tivesse tudo isso não era o “espalha-brasas” que passou a estar de moda e a encantar uma parte muito significativa dos consumidores do espectáculo. Haverá no futebol profissional pelo menos duas centenas de jogadores como este extremo direito, médio-ala, ou lá o que é, que tem um bom pé esquerdo, uma intuitiva capacidade de driblar, e parte com rapidez para “cima” do seu marcador de serviço. Arrisca, ganha uns livres perigosos, e alguns penalties. Eventualmente. Ponto. Se sairmos do futebol de elite, e visitarmos escalões etários mais baixos, facilmente damos de caras com dezenas destes “chiquitos”. Ora, a avaliar pela diversidade de análises dos milhares de especialistas desta ciência, é nesta opção que parece estar a chave do eventual sucesso dos “apaniguados” do señor Martinez no campeonato europeu de selecções que ora começa na Alemanha. “O Chico é um espalha-brasas”, afirmou o seleccionador de Portugal na apresentação das suas escolhas, mostrando-se naturalmente muito entusiasmado com o potencial do pequeno dragão.

Não me incluo no lote de profundos conhecedores do jogo, nada disso, sou apenas um adepto de futebol que aprendeu a conhecer o jogo na década de sessenta – eu sei jogava-se com uma pedra em vez de bola – e a ver jogadores como Johan Cruijff, que como bem sabemos tinha tudo o que dele fez um dos melhores do mundo. Atitude, técnica, elegância e visão. Não espalhou brasas, mas classe e futebol inteligente, bem pensado e projectado em jogo de alta qualidade. Marcou década e meia como jogador, e na sequência levou para o treino e para a direcção de equipas um racionínio brilhante que o transformaram num “influencer”, a cada decisão ou golpe de asa, ganhando novos seguidores. Mesmo sem instagram ou facebook. Mas isso são outros quinhentos. E outros tempos. Naturalmente. O futebol continua a ser jogado por seres humanos, e a chave da coisa bem jogada e atractiva continua a estar na inteligência natural. Venha de lá o “mais pintado” que diga o contrário. Continuo a olhar para o “miolo” dos portugueses e vejo alguns dos melhores médios do futebol na Europa. Como seria bom vê-los a pensarem excelentes lances, abrirem as defesas adversárias e criarem situações para a tomada de decisões bem-sucedidas quando a baliza contrária se mostrar receptiva. Estou em crer que não seria preciso nenhum abre-latas especial. Vamos ver.

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