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Os desertos cívicos também se plantam?

Por Graça Rojão

Diretora Executiva da CooLabora

 

Celebramos os 50 anos da democracia e, em simultâneo, assistimos ao crescimento dos populismos e ao larvar de um desencantamento face ao sistema democrático. A desilusão face ao funcionamento das instituições, a falta de transparência de incontáveis processos de decisão, a descrença na possibilidade de haver mudanças e a proliferação de ideias que associam a política à corrupção vão cavando um fosso perigoso.

A participação cívica é uma defesa contra as arbitrariedades do poder, uma oportunidade de expressão da diversidade de interesses e um espaço de concertação e compromisso que permite ter políticas mais informadas e maior legitimidade nas decisões tomadas. Como os espaços de verdadeira participação cívica são escassos, os problemas, anseios e prioridades de muitos grupos sociais não chegam a ser expressos ou sequer considerados.

É cada vez mais importante inovar a democracia, através de uma política de aproximação às preocupações das pessoas, recorrendo a mecanismos que facilitem a inclusão da diversidade de interesses no debate público.

O poder local tem visto as competências que lhe são delegadas pelo Estado crescerem e pode ter um papel chave, contrariando a ausência de discussão pública e o crescimento de muros de acantonamento trazidos pela burocratização dos processos.

Também algumas organizações da sociedade civil, nomeadamente as associações profissionais, desportivas, culturais ou de solidariedade social, entre outras, ao invés de constituírem espaços de participação e exercício democrático, dão sinais de práticas que passam pela centralização das decisões e pelo autoritarismo, à revelia da colegialidade que é esperada dos seus orgãos. É urgente dessacralizar o poder e criar lideranças democráticas.

As escalas territoriais de proximidade são espaços privilegiados para a participação cívica. Quando as pessoas se envolvem em questões que dizem respeito à sua rua, bairro ou cidade ficam mais disponíveis para se implicarem na política a diversas escalas.

Faltam espaços para imaginar e caminhos de resolução de problemas, que incluam a diversidade de interesses no debate da vida pública e ponham a construção do bem comum no topo das prioridades democráticas, combatendo os desertos cívicos.

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