O jogo decidiu-se nos detalhes. É tudo sobre os detalhes, considerou o seleccionador francês de futebol para justificar a vitória da sua equipa
sobre a dos portugueses. Sejamos justos, Didier Deschamps, “Dê Dê”para os bleus, não revelou nada de novo. Quem tivesse seguido com mais ou menos atenção as infindáveis horas de preparação mediática do confronto que haveria de colocar os contendores no jogo da révanche, ficaria a saber com base nas análises, comentários e prognósticos, que seria um detalhe a decidir o resultado. A minúcia de um pequeno detalhe, já por si pequeno por natureza. O detalhe foi adoptado pelo léxico futebolístico e utilizado para que todos nós estejamos mais confortáveis na hora de desempatar um desafio que só por si não vai lá, não existe um dominador evidente, a posse de bola, essa tão enganadora posse de bola não é suficiente, as equipas estão de tal modo encaixadas que…, os blocos estão muito baixos, não se consegue jogar entre linhas, nem colocar a bola nas costas das defesas, os laterais não vêm para dentro, nem os médios procuram sair. Enfim… deste modo já se vê, não vamos a lado algum. Bom, estava mesmo a sentir-se que era isso que ia acontecer, estava na mente de milhares, talvez milhões de amantes do futebol.
Franceses e portugueses que durante dias foram ouvindo a conversa, emitindo as suas opiniões, explanando o brilhantismo dos seus quase sempre inovadores sistemas tácticos e claro, utilizando as expressões mais adequadas para cada situação. A actualidade revela-nos uma nova linguagem assente em pressupostos de que o futebol é uma ciência, e que é preciso estudar muito para se perceber como aquilo se joga. Longe vão os tempos, coisa da década de 90, em que foram criados os automatismos, que mais não são do que fazer a ligação entre o pensamento e a execução. Quanto mais rápida for, mais a tomada de decisão cria desequilíbrios favoráveis. Para Bobby Robson a chave estava no “pass precise”, numa mistura de inglês e português para dizer aos seus jogadores em Portugal, que sem a precisão do passe a coisa não se dava. Na verdade o princípio está no passe e na recepção, na desmarcação, na ocupação do espaço e… por aí fora. Criando superioridade numérica até chegar à baliza do adversário, facturar, outro apropriado termo do relato, sobretudo quando o guarda-redes não consegue pagar a factura. No jogo a que aqui se alude, o tempo foi passando, ninguém foi capaz de desatar o nó e, lá está… condições ideais para o detalhe. Chamou-se bola no poste, e penalizou o adversário dos franceses.